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Fundos de crédito ou CRIs e CRAs, qual vale mais a pena? Veja a simulação

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Com revisões constantes no corte de juros no Brasil e nos Estados Unidos, o ano de 2024 aponta para um mercado de renda fixa aquecido. Além do quadro macroeconômico desfavorável ao risco, as mudanças nas regras de emissões de ativos decretadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no início de fevereiro, mexe com os títulos privados isentos de Imposto de Renda (IR), a exemplo dos Certificados de Recebíveis Agrícolas e Imobiliários (CRA e CRI).

Mas quais são as diferenças entre investir diretamente nesses papéis em relação aos fundos de crédito?

Para começar, os fundos oferecem uma diversificação maior, pois investem em vários títulos diferentes além de CRIs e CRAs, diluindo o risco do investidor. O fundo de crédito privado, similarmente a outros fundos de investimento, aplicam em títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas ou securitizadoras, como debêntures, CRIs, CRAs e notas promissórias. O gestor seleciona os ativos, seguindo diretrizes da CVM. Assim, as vantagens dos fundos incluem também uma gestão profissional.

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Diferente dos CRIs e CRAs, a tributação dos fundos de crédito inclui Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e IR, que segue uma tabela regressiva cujas alíquotas variam de acordo com o prazo de permanência. Para aplicações de até 180 dias, é de 22,5%, entre 180 e 360 dias, a alíquota fica em 20%, enquanto se o dinheiro ficar investido por um período de 361 dias até 720 dias, o Imposto de Renda cai para 17,5%. Acima de 720 dias, a alíquota vai a 15%. Além disso, há o come-cotas semestral, num adiantamento de uma parte do Imposto de Renda sobre os lucros.

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Os fundos de crédito privado também cobram uma taxa de administração, variando entre 0,25% a 2,00% ao ano sobre o patrimônio líquido ou valor de mercado da carteira do fundo. Ela é paga pelos cotistas para remunerar os prestadores de serviço do gestor, do administrador e do distribuidor. É sempre importante ficar de olho, porque essa taxa tem impacto direto no resultado do investimento.

Alguns fundos de crédito privado podem cobrar taxa de performance, considerado um prêmio ao gestor que superar o índice utilizado como referência, geralmente o CDI, Selic e o IPCA.

O que são CRIs e CRAs?

CRI e CRA são instrumentos de investimento em renda fixa associados ao crédito privado. Embora distintos em nome, esses títulos compartilham muitas semelhanças pois têm por objetivo financiar os segmentos imobiliário e agrícola, respectivamente. A importância econômica desses setores levou à isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos provenientes desses investimentos, tornando-os atrativos pois conseguem entregar um rendimento real melhor.

No entanto, a liquidez desses títulos é limitada, sendo o resgate dos fundos investidos disponível apenas no momento do vencimento. Os investidores devem, portanto, considerar a dificuldade em resgatar investimentos em certificados de recebíveis, geralmente de baixa liquidez. CRIs e CRAs têm vencimento a longo prazo, com piso de dois anos. Não há valor mínimo de investimento, mas algumas ofertas são restritas a investidores qualificados. No mercado secundário, a liquidez é restrita, pois outros produtos têm maior volume de emissão.

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De uma forma geral esses certificados funcionam como um repasse de dívidas que as empresas do agro ou do setor imobiliário têm a receber das securitizadoras, empresas não financeiras especializadas em colocar no mercado títulos representativos de direitos de créditos a receber. A securitização transforma dívidas em títulos de créditos negociáveis, chamados de certificados de recebíveis (CR), adquiridos por investidores que, em troca, embolsam uma remuneração (juros mais correção monetária, por exemplo).

No caso dos CRAs, o investidor tem que ter em mente que fatores climáticos, regulamentação, tributação e o mercado onde a empresa atua são os principais riscos associados a este investimento.

Entre os primeiros cuidados que o investidor deve ter antes de comprar o papel consiste em conhecer quem está emitindo o ativo: pesquisar sobre o setor em que a empresa atua, saber se é cíclico ou não e como a macroeconomia impacta no negócio. Todas são informações importantes na tomada de decisão.  “Quem são os sócios da empresa? É legal dar essa pesquisada”, afirma Guilherme Sharovsky, investment banker da Bloxs Capital Partners – entenda mais nesta matéria.

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Da mesma forma, os CRIs também estão sujeitos ao risco de inadimplência dos devedores dos créditos emitidos e a riscos de mercado, com possíveis desacelerações do setor que impactam no valor dos imóveis, refletindo na desvalorização do papel.

Mudanças que estimulam fundos de crédito

Essa família de papéis passou por reformulações em fevereiro, quando o  Conselho Monetário Nacional (CMNpublicou duas resoluções que dificultaram novas emissões por empresas que não são específicas desses setores.

A mudança é apontada com um dos fatores para o crescimento dos fundos de crédito privado. Assim, com a restrição, a tendência é que caia a oferta desses papéis, aumentado a busca dos investidores por outras alternativas, como fundos de crédito privado, avalia  Jessica Mota, diretora de Operações na Bloxs em entrevista ao site Bora Investir da B3.

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Avaliação de risco é feita por agências especializadas, atribuindo um rating a títulos. Investment grade significa qualidade e baixo risco, enquanto “speculative grade” indica chance mais alta de calote. No prospecto das emissões é possível conferir o grau de risco. Títulos possuem ratings entre AA+ e AAA, “refletindo emissores de alta qualidade”. Nesta matéria o time do Itaú BBA ensina como escolher as melhores emissões visando montagem de posições de longo prazo, com devedoras de alto perfil de crédito e relação de risco-retorno favorável.

Entre os critérios utilizados pelos analistas para indicar os melhores CRIs e CRAs estão reporte trimestral de resultados, preferência por garantias de baixo risco, ou histórico de operação relevante, e saldo em circulação acima de R$ 150 milhões.

Esses papéis têm  rendimento em renda fixa pós-fixado, prefixado ou IPCA +, que neste último caso oferece um pouco dos dois tipos anteriores. No caso de CRIs e CRAs, é comum encontrar emissões atreladas ao IPCA+, oferecendo inflação corrente mais uma taxa fixa de prêmio. O CDI+ também pode ser encontrado, sendo pós-fixado com uma taxa fixa sobre o CDI, garantindo um rendimento isento de Imposto de Renda.

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Comparativo montado pelo especialista em finanças pessoais, Renan Diego, a pedido do E-Investidor, mostra que o CRI Dasa e o CRA Minerva estão entre os papeis com maior rentabilidade da classe. Segundo a simulação, o título da Dasa , disponível apenas para investidores qualificados, renderia R$11.315,00 a partir de R$ 10 aportados em 12 meses. Minerva renderia R$ 11.063.

A diferença mostra os riscos envolvidos. A Dasa, por exempo, tem perspectiva negativa na Fitch, enquanto a Minerva está classificada como “estável”.

Já os Fundos de Renda Fixa Duração Média Crédito Livre e Renda Fixa Duração Livre Crédito Livre rendem R$11.404 e R$11.328, respectivamente.

Papeis que variam de CDI + 0,6% a 1,8% (sem a incidência de impostos) “seriam equivalentes a CDI+ 2,6% a CDI + 3,9% em títulos tributados de prazos equivalentes”, diz o Itaú BBA, que colocou entre seus top picks (preferências) de abril de 2024 o CRI da Raia Drogasil (RADL3) com CDI + 0,8%, que tem nota AAA pela Fitch.

CRIs e CRAs estão sujeitos a calote

Justamente por causa do risco, o rendimento prometido nem sempre é a melhor maneira de escolher por um título. Aliás, quanto maior o rendimento, maior o risco de o investidor levar um calote. É isso que explica Marcio Takaya, gestor de Agro do Sparta, sobre o bom desempenho de seu fundo Sparta Fiagro (CRAA11), especializado em investir em CRAs de baixo risco e remuneração.  “A gente não teve nenhum evento de crédito, calote, nada do tipo, enquanto alguns fiagros sofreram com defaults“, diz Takaya.

O foco em empresas com baixo risco de crédito, gera, de cara, uma remuneração menor, com o fundo perseguindo o CDI + 2%. Este seria, na visão de Takaya, mais um diferencial de seu fundo, que concorre com outros com carteira CDI + 5% até 6%. “Manter o título na carteira não quer dizer que o fundo vai entregar aquele retorno. Essa é a lição para os investidores. O carrego não leva em conta eventuais perdas com inadimplência”, comenta.

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