Agronegócio

IRB (IRBR3): lucro dispara 819% no primeiro trimestre. É hora de comprar a ação?

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O IRB (IRBR3) divulgou seu resultado financeiro do primeiro trimestre de 2024, na noite desta segunda-feira (13), com uma alta de 819% em seu lucro líquido. A resseguradora viu seu lucro saltar de R$ 8,6 milhões no primeiro trimestre de 2023 para R$ 79,1 milhões no mesmo período deste ano. Embora os números tenham sido bem recebidos pelos analistas do mercado financeiro, eles apontam que a empresa continua com uma rentabilidade baixa.

Na visão de Acilio Marinello, professor da Trevisan Escola de Negócios e Partner da Essentia Consulting, o balanço foi muito positivo com a melhora do resultado operacional, que aconteceu graças a redução das despesas administrativas, que recuaram de R$ 88 milhões no primeiro trimestre de 2023 para R$ 74,9 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma queda de 14,9%.

“Esse dado mostra que a empresa está melhorando sua eficiência operacional e que a reestruturação iniciada pela gestão está dando resultados. Outro ponto é que o crescimento de 819% do lucro mostra que a empresa situa-se no caminho correto para sair daquela perspectiva negativa dos últimos anos, e agora tende a entregar resultados sólidos e positivos para o investidor”, aponta Marinello.

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Régis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, relata que a empresa conseguiu entregar esses números com uma limpeza da carteira de resseguros, que resultou em um salto no resultado agregado dos contratos e na redução da sinistralidade. Por outro lado, ele diz que a rentabilidade ainda é modesta em comparação com o custo de capital estimado, o que pode ser considerado um ponto negativo. A rentabilidade do IRB, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), é de 4,3% no primeiro trimestre de 2024.

Ou seja, o patrimônio do IRB rende 4,3% em 12 meses, o número está abaixo do rendimento anual de 10,4% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), segundo dados do Banco Central. O CDI é o principal indicador de investimento da renda fixa. Nesse sentido, é melhor o investidor aportar o dinheiro na renda fixa do que no próprio IRB, justamente pela rentabilidade menor.

“Apesar do aumento do lucro líquido, a rentabilidade (ROE) continua abaixo do esperado em relação ao custo de capital estimado. Isso sugere que a empresa precisa focar em estratégias para aumentar sua eficiência operacional e gerar retornos mais robustos para seus acionistas”, argumenta Chinchila, da Terra Investimentos.

O que esperar do IRB ao longo de 2024?

João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, afirma que a empresa deve enfrentar um caminho complicado nos próximos trimestres devido à tragédia no Rio Grande do Sul.

No balanço, a companhia estima que pode sentir o impacto em diversas linhas em que atua, como o patrimonial, o rural e o residencial, desde que os contratos tenham coberturas para alagamentos e enchentes. “O impacto pode ser limitado por operações de retrocessão, que restringem o tamanho das perdas”, afirma o IRB. A retrocessão é o repasse de contratos pelos resseguradores a outros agentes de mercado e, em geral, acontece no mercado internacional.

Vale lembrar que o IRB é uma resseguradora, ou seja, a companhia faz seguros para as seguradoras que atendem as empresas e pessoas físicas de forma direta. Ou seja, se uma empresa de seguros vende um seguro de automóvel ou imóvel e o cliente precisa acionar acioná-lo, a seguradora recorre ao IRB para cobrir parte desse sinistro. Justamente por causa disso, João Lucas Tonello explica que a empresa deve ser impactada.

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Ele lembra que o BB Seguridade (BBSE3) estima que tragédia deve consumir 10% do lucro líquido da empresa no segundo trimestre e a companhia vai repassar 50% desse prejuízo para as resseguradoras. “Não sabemos precisar quais são, sendo possível que uma delas seja o IRB, que tem tomado mais risco na sua movimentação de tentar melhorar lucro”, explica o analista da Benndorf Research.

Por causa desses fatores e da baixa rentabilidade, os analistas explicam que o investidor não deve comprar a ação. A Genial Investimentos detalha que a empresa está negociando com múltiplos justos, como o Preço sobre Lucro (P/L) em 9,5 vezes, para uma empresa de capital intensivo com rentabilidade bem abaixo do seu custo de capital.

“Além disso, a piora esperada no ciclo de precificação a partir de 2025 pode postergar ou suavizar os planos de recuperação de rentabilidade do IRB. Em 2023, as resseguradoras globais entregaram uma rentabilidade (ROE) recorde entre 15% e 23%, níveis bem acima do histórico da indústria. O nosso receio é que, em anos em que a indústria está com desempenho recorde, o IRB está se recuperando. Quando o mercado virar, o IRB poderá pegar um mercado bem mais competitivo, o que pode deixar a situação complicada para a empresa”, diz Eduardo Nishio, que lidera a equipe da Genial em relatório publicado nesta terça-feira (14).

A Genial tem recomendação neutra para as ações do IRB. O preço-alvo estimado é de R$ 44,10 para o fim de 2024, uma potencial alta de 17,1% na comparação com o fechamento de segunda-feira (14), quando a ação encerrou o pregão cotada a R$ 37,65.

A Terra também tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 47 para os próximos 12 meses, uma alta de 24,8% na comparação com o fechamento de segunda-feira. A baixa rentabilidade é o motivo para a empresa não ter recomendação de compra pela corretora.

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Já João Lucas Tonello, da Benndorf Research, explica que graficamente o ativo está em zona de congestão fortíssima, exatamente em um ponto de suporte, ou seja, prestes a cair cada vez mais. Por volta das 14h47min, as ações do IRB recuavam 2,84%, a R$ 36,58. Tonello não recomenda a compra do papel no momento. Ou seja, o momento exige muita cautela dos investidores.

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