Agronegócio

Lula demite presidente da Petrobras (PETR4); analistas comentam impacto nas ações

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu Jean Paul Prates do comando da Petrobras (PETR4) nesta terça-feira (14). À frente da estatal desde janeiro de 2023, a saída de Prates foi especulada em diferentes ocasiões. No final de março, o próprio Planalto passou a monitorar “ataques especulativos” sobre a saída do ex-senador do cargo. Já na primeira semana de abril, os boatos se fortaleceram em meio a um processo de fritura do CEO, que nos bastidores teria um embate com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Agora, a notícia foi confirmada e Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, deve assumir a principal cadeira da petroleira. As informações são do Estadão.

A queda de Prates deve repercutir mal no mercado financeiro e a sinalização é de que as ações devem abrir em baixa nesta quarta-feira (15). “A demissão é um péssimo sinal porque mostra que a interferência política é enorme na companhia”, afirma Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento. “Não pode uma empresa como a Petrobras ter oito presidentes em quatro anos. O corpo diretivo da estatal é ótimo, com grandes profissionais e especialistas, e eles não mereciam ter uma mudança tão frequente no comando. É lamentável e amanhã as ações devem cair.”

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A saída de Prates abre também uma incerteza em relação a sua sucessora, Chambriard. Apesar de ter muita experiência no setor de petróleo, o fato de ter atuado durante o Governo Dilma Rousseff é um fator de atenção para os analistas.

“Ela tem a marca de ser envolvida no governo Dilma, que causa calafrios nos investidores. Outro ponto negativo dessa decisão é a surpresa. O mercado não gosta de ser pego no contrapé”, afirma Felipe Corleta, sócio da GTF Capital. “As ações já estão despencando em Nova York no pós-mercado e amanhã vai ser um dia muito feio na bolsa de valores brasileira. O Ibovespa vai cair e isso vai trazer incerteza no ponto de vista de câmbio e juro, porque a Petrobras é uma estatal extremamente importante no Brasil.”

Isso é também o que aponta Joao Coutinho, economista e diretor da RJ+Asset. “Com essa mudança, a desconfiança sobre o futuro da empresa irá crescer muito. As ADRs da empresa já realizam perdas acima de 7% nesse momento”.

Para o economista André Perfeito a demissão de Prates soma-se a “um conjunto grande de mal estar dos últimos dias”, como o placar rachado na decisão do Copom, a emergência climática no Rio Grande do Sul e a persistência de juros elevados nos Estados Unidos. “A impressão que se tem é que a decisão de Lula foi no sentido de forçar a Petrobras rumo ao investimento, o que ele tem todo o direito de fazer, mas inevitavelmente o efeito de curto prazo é a perspectiva que o preço corrente das ações deve ser descontado”, ressalta.

A trajetória de Prates na Petrobras

Jean Paul Prates foi aprovado como presidente da Petrobras pelo Conselho de Administração da companhia no dia 26 de janeiro de 2023. Advogado e economista, Prates tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de petróleo e gás natural, e coordenou o subgrupo do assunto na equipe de transição de governos no final de 2022. O ex-senador foi indicado para o cargo de CEO da estatal no dia 30 de dezembro pelo presidente Lula por meio de uma postagem no Twitter, mas seu nome já vinha sendo especulado nos bastidores desde o final das eleições.

À época, agentes do mercado se mostraram céticos com a indicação. O nome de Prates reforçava os temores de investidores quanto a uma mudança nas políticas que vinham sendo adotadas nas gestões anteriores, dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Isso realmente aconteceu, mas não da forma extremamente pessimista que vinha sendo precificada.

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Ao longo desses cerca de 1 ano e meio em que Prates permaneceu no comando da estatal, a companhia anunciou o fim da política de preço de paridade de importação (PPI), além de mudanças em sua política de dividendos.

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