Agronegócio

Troca de comando na Petrobras está custando R$ 46,7 bilhões a acionistas

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Sergio Moraes/Reuters

Fachada da Petrobras, no Rio de Janeiro: analistas temem retorno a atividades menos rentáveis (Foto: Sergio Moraes/Reuters)

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) chegaram a recuar 8% na abertura dos negócios nesta quarta-feira (15), representando uma perda de R$ 46,7 bilhões em valor de mercado em relação ao fechamento da terça-feira (14), quando a estatal encerrou os negócios valendo R$ 542,9 bilhões, segundo cálculos do consultor Einar Rivero, fundador da consultoria Elos Ayta. “Para comparar, é uma cifra superior aos R$ 41 bilhões de valor de mercado da Tim”, diz ele.

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A baixa nas cotações deve-se à troca de comando, anunciada na noite da terça-feira. Jean Paul Prates foi substituído pela ex-funcionária de carreira da estatal Magda Chambriard, que foi diretora da Agência Nacional de Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016, durante o governo Dilma Rousseff. Naquela ocasião, a Petrobras tornou-se a petrolífera mais endividada do mundo devido à política de subsidiar os preços dos combustíveis para manter a inflação controlada.

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O desgaste de Prates começou em março, quando o ex-presidente da Petrobras buscou reter 50% dos dividendos extraordinários da estatal, o que o colocou em rota de colisão com o Planalto. Porém, sua demissão vai além da política de dividendos a ser praticada pela estatal, e não é uma avaliação pessoal do nome de Chambriard. O que está em questão são as decisões estratégicas que podem ser tomadas pela petroleira a partir de agora.

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A partir de 2019, a empresa saiu de atividades menos rentáveis (como a distribuição de gás de cozinha, por exemplo) e se concentrou naquilo que faz com excelência mundial: prospectar e extrair petróleo, especialmente do subsolo marítimo brasileiro. Os resultados foram o controle do endividamento e a volta dos lucros e do pagamento de dividendos aos acionistas.

A troca de comando preocupa os investidores pois pode significar o retorno a atividades laterais, potencialmente danosas à  lucratividade da estatal. Isso desagrada os investidores, e deve provocar fortes oscilações na abertura dos negócios.

Analistas criticam

Analistas ouvidos pela Forbes mostraram-se pessimistas. A decisão foi “péssima”, avalia Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. “Não especificamente pela pessoa que vai entrar, mas porque mostrou que a interferência política segue enorme na companhia”, diz ele.

Para Conde “é absurdo que uma empresa estratégica como a Petrobras tenha tido oito presidentes em quatro anos”. Segundo ele, isso é uma das explicações por que as ações da estatal estão sendo negociadas mais barato que suas concorrentes. “A Petrobras está cotada a 4,5 vezes lucro, ao passo que a Exxon está valendo 7 vezes lucro e a PetroChina vale 10 vezes lucro”, diz ele. “Isso mostra como a ingerência do governo repercute negativamente junto aos investidores.” Com a queda desta manhã, essa diferença deve aumentar.

 

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