Agronegócio

Previdência privada: as opções de aposentadoria além dos fundos de baixa rentabilidade

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Os fundos de previdência privada costumam ser a principal porta de entrada dos investidores que buscam construir uma aposentadoria complementar via mercado de capitais. Apesar de ser o caminho mais tradicional dos brasileiros, a modalidade de investimento possui custos elevados e baixa rentabilidade – dos 360 fundos de previdência, apenas 110 bateram o CDI em 10 anos de investimentos, segundo dados levantados por Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria.

Essas características obrigam os brasileiros a ir atrás de outras opções de investimentos mais rentáveis e que sejam capazes de garantir no futuro uma renda passiva. Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) estão entre as alternativas citadas pelos analistas de mercado para esse objetivo. Além de ser isenta de Imposto de Renda (IR), a classe de ativos possui uma vantagem que ajuda na construção de uma previdência complementar: o pagamento de dividendos mensais.

Segundo a lei 9,779/99, responsável por regular a classe de ativos, os fundos são obrigados a distribuir aos cotistas 95% dos lucros obtidos nos balanços semestrais. No entanto, a maioria dos gestores escolhe pelo pagamento mensal desses proventos, o que ajuda no planejamento financeiro voltado para aposentadoria. Uma simulação realizada por Fábio Louzada, planejador financeiro CFP e fundador da Eu me banco, mostra que, com a ajuda dos FIIs, os investidores conseguem ter uma renda de R$ 10 mil daqui a 30 anos com aplicações mensais de R$ 500.

Veja também: Tesouro IPCA + 6% pode te ajudar a juntar R$ 500 mil para a aposentadoria

Para esse objetivo, o especialista considerou uma carteira composta por 70% de fundos imobiliários de tijolo – aqueles que investem em imóveis físicos – e 30% em fundos de papel – fundos que investem em títulos imobiliários, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). A rentabilidade mensal esperada com esse portfólio fica em torno de 0,80%.

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A estratégia permite atingir patrimônio de R$ 1,35 milhão ao longo das três décadas. Esse capital construído na carteira de FIIs entregaria ao investidor uma “aposentadoria” de R$ 10 mil. Caso queria manter o poder de compra, seria necessário aumentar o valor das aplicações mensais para R$ 675. Com esse aporte, o investidor construiria um patrimônio de R$ 1,82 milhão.

“A inflação média dos últimos 30 anos foi de 0,50% ao mês ou 6,17% ao ano. O dinheiro vai perdendo valor ao longo do tempo”, explica Louzada. Agora, se o objetivo é ter uma renda ainda maior, os investidores precisariam investir todos os meses por 30 anos aportes de R$ 700 para construir um patrimônio de R$ 1,89 milhão. O capital aplicado em uma carteira de FII com uma rentabilidade média de 0,80% ao mês pagaria em proventos uma remuneração mensal de R$ 15 mil.

Como conseguir uma renda passiva de R$ 10 mil, R$ 15 mil e R$ 20 mil em FIIs

Investimento mensal por 30 anos
Patrimônio acumulado no 30º ano de investimento
Rentabilidade mensal
Renda mensal após 30 anos

R$ 500
R$ 1.354.657,12
0,80%
R$ 10 mil

R$ 700
R$ 1.896.519,88
0,80%
R$ 15 mil

R$ 925
R$ 2.506.115,50
0,80%
R$ 20 mil

Fonte: Fabio Louzada, economista, planejador financeiro CFP®️ e fundador da Eu me banco

Ações pagadoras de dividendos

As ações de companhias de capital aberto boas pagadoras de dividendos também podem ser outro caminho adotado pelos investidores para conseguir viver de renda no futuro. Uma simulação realizada por Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, mostra que os aportes mensais podem ser até mais acessíveis devido ao potencial de geração de valor das empresas. No estudo, foram considerados as 10 companhias de capital aberto com os maiores dividend yield médio dos últimos cinco anos.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) e os papeis da Bradespar (BRAP4) lideraram esse ranking  com DYs de 21,86% e de 14,93%, respectivamente. Caso essa média de remuneração se mantiver estável em um intervalo de 30 anos, os investidores precisariam investir apenas R$ 26,63 em Petrobras e R$ 156,22 em Bradespar durante 30 anos para para ter uma renda mensal de R$ 10 mil. Agora, ao considerar uma carteira diversificada formada pelas 10 ações com os maiores DYs médios dos últimos anos, seriam necessários apenas aportes mensais de R$ 317,48 durante 30 anos para conseguir uma renda passiva de R$ 10 mil.

Sobreira explica que, na prática, a simulação pode não se concretizar na vida real devido às oscilações na distribuição de dividendos que as companhias podem ter em um intervalo de longo prazo, mas demonstra o potencial de retorno que as ações podem oferecer ao investidor. “Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Se formos olhar por períodos maiores, a PETR4 chegou a ficar anos sem pagar dividendos, mas agora está pagando valores altos. O investidor precisa diversificar e não acreditar que uma única empresa vai entregar sozinha os melhores resultados”, ressalta o analista da Rocha Opções de Investimentos.

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Por isso, a escolha das companhias precisa ser realizada de forma criteriosa e deve dar prioridade às ações que possam oferecer retorno financeiro no longo prazo. O “Método BEST”, criado pelo megainvestidor Luiz Barsi e repassado pela plataforma educacional AGF, por exemplo, seleciona os cincos setores da Bolsa de valores considerados “à prova de balas” – ou seja, menos suscetíveis aos ciclos econômicos. São eles: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações – conheça o método aqui. Para o megainvestidor, as companhias desses setores econômicos oferecem serviços essenciais para a população e costumam garantir bons rendimentos aos investidores de forma regular.

Outro benefício ao investir nesta classe de ativos é a liberdade financeira que o investidor possui ao investir em fundos, como os de previdência privada. Segundo Bruno Oliveira, chefe de análises do Ações Garantem Futuro (AGF), plataforma educacional que ensina o método de investimento de Luiz Barsi, quando o investidor realiza aportes recorrentes em uma ação de uma empresa, automaticamente, ele se torna sócio daquele negócio e comunga com os mesmo objetivos dos controladores: lucro, crescimento e perenidade no negócio.

Já na previdência privada, na avaliação dele, há uma terceirização da alocação desse portfólio que nem sempre adota estratégias alinhadas aos interesses do investidor. “Nos fundos de previdência privada, por exemplo, existem alguns processos (como as taxas de administração) que reduzem a rentabilidade do investimento para o cliente final, que é o investidor”, acrescenta Oliveira.

Saiba mais: 20 ações fora do radar pagam bons dividendos

Veja como se organizar para ter uma renda passiva

O primeiro passo para iniciar essa jornada acontece na separação dos gastos mensais considerados fixos e variáveis. Sem saber para onde vai o seu dinheiro, o hábito de destinar um valor mensal para os investimentos pode se tornar inviável. Isso acontece porque as chances de surgir uma despesa inesperada são maiores quando não há um planejamento financeiro. Por isso, os especialistas em educação financeira orientam que a organização seja feita da seguinte forma:

50% da renda devem ser direcionados para os gastos obrigatórios (água, luz e moradia);
30% para as despesas variáveis (lazer e bem-estar);
20% para os investimentos.

Vale destacar que essa é apenas uma recomendação genérica. Caso a sua realidade financeira não permita aportes na faixa de 20% da sua renda, qualquer quantia é válida. Além disso, os investidores precisam revisar pelo menos todos os anos o planejamento financeiro para saber se a estratégia de investimento e os valores dos aportes serão suficientes para alcançar a renda passiva ideal no futuro.

“O prazo indicado para as revisões é de seis meses a um ano, mas outras revisões poderão ser feitas em qualquer momento, em virtude das condições patrimoniais ou financeiras do investidor”, afirma Sigrid Guimarães, CEO da Alocc gestão patrimonial. A revisão pode se tornar necessária também pelas alterações das condições de mercado.

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