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BB Seguridade (BBSE3) ou Caixa Seguridade (CXSE3): uma delas está barata e deve pagar dividendos de até 9,5%

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O segundo trimestre de 2024 foi decisivo para a BB Seguridade (BBSE3) e para a Caixa Seguridade (CXSE3). A queda de braço entre as seguradoras, que estava bastante acirrada, revelou uma companhia que aparentemente carrega os melhores fundamentos para o longo prazo e estaria “temporariamente” mais barata. Com retornos que alcançam os 9,5%, qual é a melhor alternativa para quem busca renda passiva com dividendos?

BB Seguridade e Caixa Seguridade funcionam no modelo de holdings. Enquanto a primeira se encontra forte no segmento rural, a segunda lidera no segmento imobiliário.

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Na BB Seguridade as subsidiárias são BrasilSeg, BrasilPrev, BrasilCap, Brasildental e BB Corretora. A BrasilSeg oferece seguro habitacional, de vida, rural, residencial e empresarial, enquanto a BrasilPrev atua com previdência privada. Já BrasilCap opera no segmento de capitalização e a Brasildental cuida de planos odontológicos. Em todas elas há contratos de parceria com outras instituições, que na sua maioria têm duração até 2030. A BB Seguridade também pode ofertar seus seguros em toda a rede do Banco do Brasil (BBAS3) até meados de 2030.

Como o vencimento dos contratos está perto, é justamente essa incerteza se serão renovados que faz com que as ações da BB Seguridade negociem com desconto excessivo no mercado.

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Já na Caixa Seguridade, o contrato para distribuir seus seguros pelos canais da Caixa Econômica Federal dura até 2050, o que traz maior perenidade diante da concorrente. As investidas são Caixa Vida e Previdência, Caixa Residencial, Caixa Capitalização, Caixa Consórcio e Caixa Assistência, além da Caixa Corretora. A companhia atua no segmento vida, prestamista, previdência e consórcios com a CNP Assurances. No habitacional e residencial trabalha com a Tokio Marine. E, em capitalização, com a Icatu.

Como foram os resultados de BBES3 e CXSE3?

A BB Seguridade registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,87 bilhão no 2° trimestre, alta de 1,6% na comparação anual – veja os detalhes do balanço aqui. Segundo Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, mesmo diante dos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, o trimestre da BB Seguridade foi marcado por crescimento dos lucros e redução da sinistralidade.

Segundo Bueno, o crescimento do lucro aconteceu em função da BB Corretora, com alta de mais de 12% na receita de corretagem e melhora na margem operacional, e da BrasilSeg, com maiores prêmios ganhos retidos e redução da sinistralidade. A BrasilSeg totalizou R$ 3,8 bilhões em prêmios emitidos. Esses números compensaram o desempenho mais fraco da BrasilPrev.

Houve também redução do índice de sinistralidade em 1,9 ponto porcentual, para 27% no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2023, já considerando as despesas com os eventos no Rio Grande do Sul, lembra Rafael Ratto, analista do AGF. Ele destaca como positivos a robustez e resiliência do resultado, mesmo em um trimestre com eventos não recorrentes altos.

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Do lado negativo, Ratto menciona o aumento da sinistralidade nas linhas habitacional e rural com a catástrofe no Sul. Há também provisões técnicas na BrasilSeg e na BrasilPrev para atender alterações na Circular 648 da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Sob a ótica de resultados financeiros, outro detrator ficou com a BrasilPrev, com a marcação a mercado negativa dos investimentos.

Se o resultado da BB Seguridade se caracterizou pela força e resistência, isso não aconteceu com a Caixa Seguridade – confira o balanço nesta reportagem. A companhia teve um lucro gerencial de R$ 770,3 milhões, queda de 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro contábil caiu 24,8% no trimestre, para R$ 1,5 bilhão.

Milton Rabelo, analista da VG Research, destaca que o resultado da Caixa Seguridade foi impactado negativamente pelas enchentes no Sul, que elevaram o índice de sinistralidade de 38,8% para 59,4%. Outro fator que abalou o lucro líquido da Caixa Seguridade foi a necessidade de provisionamento pelo recebimento da base de dados de clientes falecidos titulares de apólice no seguro prestamista, que ainda não tinham sido comunicados, e dos sinistros ocorridos pelas enchentes.

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Do lado positivo, a Caixa Seguridade teve um desempenho comercial positivo, com crescimento relevante dos prêmios emitidos na base trimestral e anual, destaca Rabelo. “Vale apontar que o segmento imobiliário apresentou o maior crescimento nominal, ao passo que também houve aumento relevante no segmento residencial”, comenta.

Impacto das enchentes do Rio Grande do Sul nas seguradoras

Ambas as seguradoras sentiram os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Contudo, segundo analistas, foi um efeito não recorrente, limitado ao segundo trimestre, e que não se concretiza como uma perda de fundamento das empresas.

Na BB Seguridade, Rabelo observa que a sinistralidade dos segmentos rural e habitacional por causa das enchentes resultou em 5 mil acionamentos e R$ 225 milhões em despesas de sinistros. Porém, segundo o analista, tais sinistros podem ser recuperados nos próximos meses, revertendo parcialmente o desembolso.

Veja também: O que o IRB (IRBR3) diz sobre impactos das enchentes do RS no lucro do ressegurador

Na Caixa Seguridade, os sinistros relacionados à tragédia somaram R$ 461,3 milhões. Desse total R$ 349,7 milhões foram cobertos pelos resseguros – quando uma seguradora transfere parte dos riscos das apólices para outra empresa, a resseguradora. No final, o impacto no resultado líquido da companhia do desastre ambiental foi de R$ 34,7 milhões. A expectativa da gestão é de que nos próximos trimestres as consequências financeiras das enchentes sejam pouco representativas.

Selic em alta e resultado financeiro da seguradoras

Com a Selic mantida no patamar de 10,5% ao ano, o resultado financeiro das seguradoras tende a se beneficiar. Isso acontece porque as seguradoras investem os prêmios recebidos em títulos de renda-fixa conservadores como o Tesouro Selic, aponta Rabelo.

Desta forma, quanto maior for a rentabilidade das aplicações conservadoras de renda fixa, melhor tende a ser o resultado financeiro das seguradoras. No entanto, se os juros elevados beneficiam o balanço nem sempre isso significa um estímulo para o crescimento das receitas operacionais das seguradoras, diz o analista da VG.

Qual é a melhor opção para dividendos e a mais barata?

Para o analista Victor Bueno, da Nord Research, enquanto a BB Seguridade entregou resultados robustos e lucro crescente, a Caixa Seguridade foi mais impactada por fatores não recorrentes. Quando observado o dividend yield (retorno em dividendos) dos proventos anunciados pelas companhias e a regularidade dos números financeiros, Bueno enxerga uma oportunidade maior na BB Seguridade. O analista projeta um dividend yield de 9% para BB Seguridade em 2024 e de 7% para Caixa Seguridade.

O retorno maior também está relacionado ao fato de que a BB Seguridade negocia com um desconto maior diante da Caixa Seguridade, diz Bueno. Olhando para os múltiplos, a BB Seguridade negocia a 8,74 vezes preço sobre lucro (P/L), enquanto a Caixa Seguridade tem um múltiplo de 12,41 (P/L).

Leia mais: Ainda dá tempo de receber dividendos da BB Seguridade em agosto?

O desconto pode acabar desaparecendo no futuro, dado que a gestão planeja resolver a renovação dos contratos com o Banco do Brasil antecipadamente. Segundo Ratto, do AGF, o CEO da BB Seguridade, André Haui, já deixou implícito que o contrato entre BB Seguridade e Banco do Brasil pode ser debatido antes de seu vencimento, em 2030. Isso reduziria uma das fragilidades da empresa no médio prazo e por consequência daria um valor justo as suas ações.

Ratto cita que no segundo semestre o payout (parcela do lucro destinada a proventos) deve ser elevado, diante do fim do programa de ações vigente. A empresa costuma trabalhar com uma distribuição dos lucros entre 80% e 90%.

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Para Milton Rabelo, da VG, a escolha certa também fica com a BB Seguridade. Ele destaca que a companhia é a principal pagadora de dividendos do setor de seguros no momento, oferecendo um dividend yield elevado, resultados resilientes e negociando a preços descontados. “Acreditamos que a maior parte dos impactos da tragédia no Rio Grande do Sul deve ficar concentrada no segundo trimestre de 2024, podendo haver uma reversão parcial na sinistralidade nos trimestres seguintes”, diz ele.

Já em relação à Caixa Seguridade, Rabelo lembra que foi mais afetada pela tragédia do Sul e efeitos não recorrentes. Embora seja um efeito pontual, a companhia estaria muito mais cara do que a BB Seguridade.

Rabelo tem recomendação de compra para os dois papéis, com dividend yield projetado de 9,5% para BB Seguridade (BBSE3) e 8% para Caixa Seguridade (CXSE3) nos próximos 12 meses.

Dividendos fartos: as 17 empresas que mais enchem o bolso do acionista

Bruno Oliveira, analista CNPI do projeto Vida de Acionista, também tem a BB Seguridade como principal escolha para quem busca proventos no médio e longo prazo. Ele acredita que a BB Seguridade tem trazido mais robustez para o negócio – com programas de recompra e expansão de parceiros fora da rede do Banco do Brasil – a manutenção de indicadores operacionais dentro de patamares de excelência.

Já em relação à Caixa Seguridade, Oliveira lembra que a companhia tem anunciado mais distribuição de lucros, mas, do ponto de vista de perenidade, previsibilidade e proventos de qualidade, a BB Seguridade saiu na frente. Ele espera que a BB Seguridade entregue proventos de R$ 3,22 no exercício de 2024, enquanto a Caixa Seguridade remunere os acionistas com R$ 1,15. A preços atuais, estes dividendos seriam equivalentes a um dividend yield de 8,78% para BBSE3 e 8,11% para CXSE3 respectivamente.

Como ter renda de um salário mínimo com seguradoras?

Olhando para a mediana de dividendos dos últimos cinco anos no caso de BB Seguridade e desde a Oferta Inicial de Ações (IPO) da Caixa Seguridade, quanto seria necessário investir para receber um salário mínimo (R$ 1412 por mês) com dividendos das empresas de seguros? Simulação de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, apresenta cenários com e sem reinvestimento de proventos e aportes de R$ 1 mil e R$ 500 por mês.

Embora a Caixa Seguridade apresente um menor tempo de investimento e patrimônio necessário, ou seja, tenha pagado mais ao acionista nos últimos anos, Sobreira esclarece que a companhia que tem o maior poder de pagar dividendos no médio e longo prazo é a BB Seguridade, cujas ações, segundo ele, também estão mais baratas.

Com aportes mensais de R$ 1 mil

Empresa
Mediana Dividend yield
Patrimônio para atingir um salário mensal de R$ 1412 com dividendos
Tempo necessário com aportes de R$ 1 mil/mês com reinvestimento dos proventos
Tempo necessário com aportes de R$ 1 mil/mês sem reinvestimento dos proventos

BB Seguridade (BBSE3)
7,91%
R$ 214.210
11 anos e 4 meses
17 anos e 10 meses

Caixa Seguridade (CXSE3)
10,91%
R$ 155.307
8 anos e 3 meses
12 anos e 11 meses

Fonte: levantamento Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos com dados da Elos Ayta Consultoria

Com aportes mensais de R$ 500

Empresa
Mediana Dividend yield
Patrimônio para atingir um salário mensal de R$ 1412 com dividendos
Tempo necessário com aportes de R$ 500/mês com reinvestimento dos proventos
Tempo necessário com aportes de R$ 500/mês sem reinvestimento dos proventos

BB Seguridade (BBSE3)
7,91%
R$ 214.210
17 anos e 3 meses
35 anos e 8 meses

Caixa Seguridade (CXSE3)
10,91%
R$ 155.307
12 anos e 7 meses
25 anos e 11 meses

Fonte: levantamento Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos com dados da Elos Ayta Consultoria

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