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Pare de emprestar seu cartão de crédito para familiares e amigos. Entenda por quê

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Alguém provavelmente já te pediu dinheiro emprestado ou, ainda, perguntou se poderia comprar algo pelo seu cartão de crédito. Especialmente entre pessoas da mesma família, essa é uma prática comum entre os brasileiros.

Nem todo mundo tem acesso a crédito – lembrando que o Brasil tem uma alta taxa de endividamento – e/ou conhecimento bancário para conseguir um cartão de crédito com bom limite. Por isso, quando acontece alguma emergência ou é preciso comprar parcelado, essas pessoas tendem a recorrer a um familiar ou amigo que tem crédito.

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Esse hábito de emprestar o cartão de crédito, no entanto, pode gerar uma série de problemas. Para além do risco de a pessoa não pagar e você ficar no prejuízo, é possível ver o seu crédito impactado ou até ter problemas com a receita federal.

Há, ainda, maior exposição a fraudes e golpes. E, caso a pessoa não pague, pode acontecer um estremecimento no relacionamento entre vocês e uma série de sintomas psicológicos, como ansiedade, culpa e tristeza.

O que pode acontecer se eu emprestar o meu cartão de crédito a alguém?

Existem três possibilidades quando você empresta o seu cartão de crédito a alguém:

A pessoa pagar corretamente as parcelas;
A pessoa pagar, mas com atraso;
A pessoa não pagar nenhuma ou parte das parcelas.

Mesmo quando a pessoa paga corretamente as parcelas, um impacto negativo que você pode sofrer é, talvez, cair na malha fina. Isso acontece quando a Receita Federal entende que o que você está gastando (se consta na sua fatura de cartão de crédito, o gasto é visto como seu) é incompatível com o quanto você ganha ou tem.

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Você corre o risco, também, de perder o controle das suas finanças pessoais, caso não conheça muito bem os seus gastos no cartão de crédito. Como resultado, se precisar daquele limite para algo para você, não será possível resgatá-lo, a não ser que o banco te dê mais crédito.

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Isso sem falar na maior exposição a possíveis fraudes e golpes. “Há sempre o risco de que o cartão seja usado de forma fraudulenta ou abusiva, especialmente se a pessoa não for totalmente confiável”, aponta Fernanda Chaves, Coordenadora de capacitação e voluntariado da Multiplicando Sonhos.

Se a pessoa pagar, mas com atraso, além dos fatores acima e o estresse da cobrança, você pode ter de tirar dinheiro do seu bolso no primeiro momento para cobrir a despesa de outra pessoa. Ou, ainda pior, ter o seu acesso ao crédito e score no Serasa diminuídos por atrasar parcelas em seu nome.

Agora, se a pessoa não pagar nenhuma parcela ou parte delas, você terá de fato uma grande dor de cabeça, precisando arcar sozinho com a despesa. Por experiência própria, digo que pode até mesmo perder a amizade ou o relacionamento saudável com o parente. Além de ficar endividado se não tiver dinheiro para cobrir o valor.

“Questões financeiras podem facilmente causar tensões e conflitos em relacionamentos pessoais. Discussões sobre dinheiro podem surgir e prejudicar amizades ou relações familiares”, lembra Fernanda.

“Caso a pessoa atrase e não pague, você pode sentir culpa e arrependimento por ter emprestado. Além da tensão no relacionamento e conflitos emocionais com a pessoa.”

Como dizer não ao empréstimo do cartão?

Para muitas pessoas, não é fácil dizer não. Especialmente quando a pessoa que nos pede o cartão emprestado é muito próxima e/ou tem uma história muito triste como motivo. Em algumas famílias, esse hábito é tão forte que é difícil quebrá-lo sem gerar ressentimentos.

Mas uma forma de dizer não é explicar à pessoa os motivos fiscais e bancários pelos quais você não pode emprestar o seu cartão de crédito. Muita gente não sabe que há risco de cair na malha fina, por exemplo.

Você pode, também, orientar a pessoa sobre como conseguir um cartão de crédito ou aumentar o seu próprio limite, caso ela não esteja endividada ao ponto de ter tido seu crédito cancelado.

De qualquer forma, é importante impor os seus limites e deixar claro que não é porque você é amigo e se importa com alguém que deve ajudá-lo a qualquer custo. Talvez, este custo seja alto demais a se pagar. E tudo bem não querer aceitá-lo.

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Existe um ditado famoso que diz: “Não importa o quão triste é a história, não empreste o seu dinheiro”. Afinal, se o banco, que é uma instituição séria na análise da capacidade de uma pessoa em pagar pelo crédito, não ofereceu crédito àquela pessoa, provavelmente há motivo para isso.

E se você é uma pessoa física, certamente tem menos capacidade de assumir riscos que um banco, certo? Então, por que deve tomar este papel de conceder crédito para si?

E se eu resolver dizer sim?

Se, mesmo com todos esses conhecimentos, você decidir assumir o risco de emprestar o seu cartão de crédito – afinal, esta é uma escolha sua –, existem algumas medidas que podem ajudar a diminuir o impacto de uma possível quebra de expectativas:

Ceda um valor que você tem guardado e não lhe fará tanta falta caso a pessoa não pague e você precise cobrir essa despesa. Assim você evita ficar endividado e cair na malha fina;
Se possível, empreste o valor em dinheiro, e não no seu cartão de crédito. Desta forma você não atrapalha a sua gestão financeira ao longo dos meses, o que pode acontecer quando há várias prestações;
De preferência, doe o dinheiro sem esperar recebê-lo de volta. Isso diminui as suas expectativas e evita quebra de laços por descumprimento de combinado.

Por fim, não se esqueça que o cartão de crédito não deve ser utilizado como um complemento de renda – nem seu, nem de outra pessoa. Se você não tem dinheiro para pagar por algo à vista ou se a parcela não cabe no seu orçamento financeiro, com folga, é melhor não comprar ou emprestar.

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