Agronegócio

Tempestade e calmaria: Como o Fed molda o cenário econômico?

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No próximo mês, teremos a aguardada reunião do Federal Reserve que, conforme previsto, deve iniciar o ciclo de corte de juros na economia dos Estados Unidos. Atualmente, os mercados já precificam cortes de quase 1% para 2024, distribuídos ao longo dos últimos meses do ano, durante as reuniões de setembro, novembro e dezembro.

Por que destaquei que esta é a “tão esperada” reunião do Fed? Porque, desde o início deste ano, estamos esperando o início do ciclo de redução de juros, que, sincronizado com cortes realizados por outros bancos centrais globais, traria maior previsibilidade à economia e teria efeitos positivos sobre ativos de risco, como ações. Não é à toa que a bolsa brasileira tem registrado altas consecutivas e atingido recordes de pontos em termos nominais.

Contudo, ao longo do ano, observamos muita volatilidade, grande parte disso causada pela dinâmica da economia americana. No primeiro semestre, sinais de aquecimento econômico postergaram as previsões de redução de juros nos EUA.Com cada novo dado divulgado, aumentava a convicção de que a restrição monetária deveria continuar, adiando ainda mais os cortes de juros, com impacto significativo em diversos países e suas moedas.

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Tudo indica que que o cenário externo mudou, as condições para a queda de juros se consolidaram, crucial para uma retomada de cortes de juros em outros países, especialmente nos emergentes. No entanto, esse não é o debate predominante no Brasil. Fala-se muito em aumento de juros, com a curva de juros precificando um potencial aumento.

Apesar de uma perspectiva global positiva e de menos incerteza quanto à política monetária americana, no Brasil temos visto significativa volatilidade nas últimas semanas. Dois fatores merecem destaque. Primeiro, o constante debate sobre a sustentabilidade das contas públicas e o cumprimento das regras fiscais. É importante notar que estamos em um mês tradicionalmente tenso devido ao envio do orçamento. O contingenciamento realizado pelo governo foi um sinal positivo na tentativa de cumprir as metas fiscais estabelecidas, mas ainda insuficiente para restabelecer a credibilidade do modelo fiscal, dado o crescimento acelerado das despesas obrigatórias, especialmente das previdenciárias.

Além do debate fiscal recorrente, o evento mais impactante foi a discussão sobre o futuro da política monetária. Falas de autoridades do BC sendo interpretadas como mais agressivas, o que indicaria um possível aumento de juros, aumentou a volatilidade dos mercados nesse período. De qualquer forma, a discussão gira em torno dos fatores econômicos que podem contribuir para a queda ou aumento de juros nas próximas reuniões do Copom.

Independentemente das interpretações e expectativas do mercado, o Banco Central deve seguir o que foi anunciado na ata da última reunião, na qual os dados econômicos servirão de guia para os próximos passos. A economia é dinâmica, e o Banco Central dispõe das melhores fontes de dados para tomar decisões técnicas embasadas para cumprir seu objetivo. Qualquer discussão além disso é mero ruído.

Superar essas duas fontes de incerteza pode ajudar os ativos brasileiros a se beneficiarem positivamente de um bom momento global, agora ancorado pelo ciclo de queda de juros promovido pelo Fed.

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