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Agronegócio

Investidor estrangeiro trocou o Brasil por este país; “Ficamos para trás”, diz Scotiabank

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A Bolsa brasileira está barata, com um desconto de pelo menos 25%, mas ainda assim não chama a atenção do investidor estrangeiro. Michel Frankfurt, head da corretora de ações do Scotiabank Brasil, aponta que há uma falta de “interesse” no mercado doméstico – e o especialista sabe muito bem do que está falando.

O Scotiabank é um banco canadense especializado em crédito para grandes empresas que desde o ano passado está expandindo a presença no Brasil. No início do ano, por exemplo, foi uma das instituições financeiras contratadas para assessorar uma oferta de ações da Energisa (ENGI11). Além disso, junto com Citigroup e UBS Investment Bank, liderou a emissão de títulos em dólar no mercado internacional, feita pelo Tesouro Direto.

“Hoje, atendemos muitos clientes estrangeiros. Falamos com as grandes casas americanas, canadenses e algumas europeias”, afirma Frankfurt. “Recentemente, contratamos um sales local. Ou seja, um comercial que vai nos ajudar a desenvolver e abrir as casas locais, mas o nosso grande produto hoje é para o investidor estrangeiro”, diz o especialista.

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De acordo com Frankfurt, entre os países emergentes, a história que soa mais atraente para o “gringo” é a do México. O país vive um “boom” em fluxo de capitais em função da forte parceria comercial com os Estados Unidos, intensificada após a pandemia de covid-19.

Isto porque, durante a crise de saúde, houve a quebra de cadeias de produção, em especial aquelas ligadas à China. O episódio fez com que as empresas globais passassem a optar por transferir os centros de produção de mercadorias para locais mais próximos aos mercados que serão vendidos, um fenômeno batizado de “nearshoring“. E a porta mais próxima para a maior economia do mundo, os EUA, é o México.

“O México vive hoje o que o Brasil viveu nos anos 2000”, afirma Frankfurt.  No ano passado, por exemplo, os EUA importaram mais do México do que da China, pela primeira vez em 20 anos. Entretanto, apesar da projeção recente do mercado mexicano, o Brasil vem perdendo relevância há muitos anos.

“O Brasil, em 2009, representava 14% do índice MSCI, de mercados emergentes, que é um indicador bastante relevante pra todos os grandes fundos passivos. Hoje, a gente é cerca de 5%” ressalta o head. Leia a entrevista completa:

E-Investidor – A Bolsa brasileira está barata?

Michel Frankfurt – Eu acho que os múltiplos daqui no Brasil estão muito descontados. No mercado com juros baixos, é preciso ter múltiplos mais altos, e no mercado com juros altos, temos que ter múltiplos mais baixos.

Estamos em um dos momentos extremos, com juros bem altos, principalmente o juro real. As NTNBs longas (Tesouro IPCA+) estão perto de 6% de juro real, e não é muito comum, é praticamente no teto histórico, e os múltiplos estão muito baixos. É muito difícil ver a Bolsa caindo muito mais do que está agora, a não ser que tenha um colapso global.

Então a Bolsa tende a subir?

Aí que está a armadilha. Está barato, mas pode ficar muito barato por muito tempo porque ninguém está olhando, ninguém está interessado. Enquanto não tivermos algum gatilho que mude a percepção do investidor estrangeiro sobre o Brasil, continuaremos mais ou menos onde estamos.

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O investidor estrangeiro é muito grande, pesado, faz barulho, é agressivo, dá o tom. É esse investidor que vai puxar o mercado, fazer andar. Pelo múltiplo, tem espaço para a Bolsa ir tranquilamente para 150 mil ou 160 mil pontos – mas isso se estivéssemos em um período de normalidade. Tem espaço para ir, mas não tem interesse (do investidor estrangeiro).

O investidor estrangeiro desistiu do Brasil?

Na época de 2000 a 2010, o Brasil era a bola da vez. O País tinha uma representatividade muito maior no mundo de emerging markets (mercados emergentes). Tinha muito fluxo para cá. E agora essa bola virou para o México.

O investidor estrangeiro gosta do México, gosta da Índia, e a gente ficou para trás. Eu sempre gosto de falar dos índices: o Brasil, em 2009, representava 14% do índice MSCI de mercados emergentes, que é um indicador bastante relevante pra todos os grandes fundos passivos. Hoje, representa 5%.

Por que perdemos tanta relevância entre os mercados emergentes?

O primeiro ponto é que a quantidade de países elegível a participar do índice era menor em 2009 do que é hoje. O índice era composto por menos países, então o Brasil tinha mais relevância. Depois, os outros mercados emergentes começaram a se desenvolver. A China, por exemplo, se desenvolveu muito nos últimos 20 anos.

Infelizmente, não tivemos o crescimento que esperávamos nos últimos 20 anos, como a China. A nossa Bolsa cresceu menos, fizemos menos IPO’s, produtividade e atratividade diminuíram, ficamos aquém.

Mas por que o México, por exemplo, atrai mais olhares hoje?

O México estava no lugar certo, na hora certa. Em 2015, o relacionamento entre China e Estados Unidos começou a ficar um pouco mais turbulento. O que era uma parceria, acabou virando uma competição, o que chamamos de “guerra de influências”.

Entenda a disputa tecnológica entre Estados Unidos e China

Isso acabou prejudicando o relacionamento global que, até 2015, era sobre globalização. Quando veio a pandemia, o protecionismo em relação à China piorou, porque teve o risco de cadeia (produtiva). Nesse momento, os Estados Unidos olhou para o México como um lugar onde era possível produzir de forma barata, com pessoas qualificadas, governo alinhado e estável politicamente.

No México, 78% da relação comercial (exportações) é com os Estados Unidos, há uma dependência grande um do outro. Logo, todos os fluxos de investimentos dessa nova reconstrução da cadeia foram direcionados ao México. Isso trouxe uma enxurrada de investimentos para o País, que a gente apelidou de “nearshoring”. O México vive hoje o que o Brasil viveu nos anos 2000.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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