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O dilema do Fed sobre os juros é pauta da reunião de primavera do FMI

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Todo ano, nos meses de abril e outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) promove encontros com as maiores autoridades do mundo econômico. Esse ano, não foi diferente. As mensagens transmitidas durante essas reuniões focaram nas incertezas relacionadas à desaceleração da economia americana e, consequentemente, nos próximos passos do Federal Reserve (Fed) na condução da política monetária.

Durante as reuniões, houve um grande consenso global de que as taxas de juros permanecerão estáveis por um período mais longo. Essa decisão se baseia na preocupação com a fase final da desinflação e na dificuldade de atingir a meta de 2% com uma economia que ainda parece resiliente. Vale ressaltar que, naquela semana de abril, ainda não havia sido divulgado o dado mais recente sobre a geração de vagas de trabalho, que ficou abaixo das expectativas do mercado.

De toda forma, no início do ano, as expectativas eram muito otimistas em relação ao ciclo de queda de juros americano, o que trazia animação para os ativos de risco e para os países emergentes. Esperava-se que o corte de juros começasse já em março, mas essa expectativa foi postergada após cada divulgação de novos dados de inflação ou atividade econômica.

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Nas reuniões do FMI, a percepção é de que, no melhor cenário, o Fed cortará os juros apenas em dezembro, se o fizer. Esse período mais prolongado de juros em níveis máximos na economia americana implica em um dólar forte por mais tempo, com a economia norte-americana se destacando em termos de crescimento em comparação com outras economias.

Diante desta percepção sobre os juros americanos, diversos bancos centrais ao redor do mundo, inclusive o brasileiro, passaram a adotar um tom mais cauteloso com relação à sua política monetária, afinal, o diferencial de juros local com os juros americanos é um elemento importante para a estabilidade da moeda e, indiretamente, para a inflação. De acordo com nossos modelos, uma desvalorização de 10% do real frente ao dólar, por exemplo, poderia resultar em um aumento de pouco mais de 1% na inflação ao consumidor.

Apesar da trajetória de continuidade no ciclo de corte de juros em alguns emergentes, como Brasil, México e Chile, o discurso foi menos enfático durante essa semana de reuniões em Washington. Isso se deve tanto a questões globais, como a possível postergação das decisões do Fed, quanto a questões locais, como a atividade econômica mais forte e a inflação acima das expectativas. Assim, com menos espaço de corte de juros pelo Fed, diferente dos últimos anos onde alguns emergentes eram temas de destaque, como México, Índia e Brasil, o interesse pelos países por emergentes em geral foi bastante tímida. A exceção foi a Argentina, que atraiu mais atenção positiva com o novo governo.

Com toda atenção voltada para o Fed e com tanta incerteza sobre o início da queda dos juros por lá, o discurso de Brasil acabou sendo afetado. Os representantes do Banco Central passaram uma mensagem com destaque para o aumento das incertezas, não só aquelas vindas do exterior, como a política monetária americana, mas em relação a riscos internos, como o risco de uma política fiscal expansionista, um ritmo mais lento de desinflação por conta das pressões salariais observadas no mercado de trabalho, bem como as expectativas de inflação desancoradas.

Foram traçados quatro cenários possíveis pelos representantes do BC para tentar nortear suas decisões. Dentre eles:

Redução da incerteza, que permitiria o banco central seguir o caminho como antes esperado sobre a queda de juros;
A incerteza continua elevada, mas não muda significativamente e isso poderia significar uma redução no ritmo de queda de juros;
A incerteza passa a afetar mais fortemente as variáveis, aumentando os riscos de inflação;
A incerteza agrava e cria estresse, alterando o cenário base.

Apesar de muitas discussões ficarem em torno da política monetária e sobre o início ou ritmo de corte de juros em todo o mundo, de forma sincronizada, outro tema destaque foram as políticas fiscais e como tais políticas tem dificultado o trabalho do Banco Central.

Durante a pandemia, tanto a política monetária quanto a fiscal foram expansionistas de forma sincronizada. No entanto, percebemos que a política fiscal tem enfrentado diversos desafios para retornar à normalidade pré-pandemia. A economia americana é o maior exemplo disso. Além disso, a combinação desses déficits com juros altos tem acelerado a dívida da economia americana. Aqui no Brasil, também observamos o quão difícil é alcançar a chamada ‘harmonia entre a política monetária e a fiscal’, com desafios para estabilizar nossa dívida.

Assim, podemos resumir em algumas mensagens essa rodada de primavera do FMI. Primeiro, foco no Fed, quando começa o corte de juros por lá; segundo, os emergentes saem de cena do interesse dos investidores, pelo menos momentaneamente, até que os juros americanos comecem a cair; terceiro, o mundo precisa olhar o fiscal com mais cuidado.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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