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Gado e vida selvagem: a lição do rancho Eagle Rock nas Montanhas Rochosas

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ER/Divulgação

A fazenda Eagle Rocks tem 1,1 mil hectares a 2,7 mil metros de altitude com “pastagens montanhosas-subalpinas”

Esforços para proteger a biodiversidade podem ser conciliados com a urgência de alimentar uma população em crescimento e, sobretudo, com o aumento global da demanda por proteínas. São necessárias grandes áreas para produzir comida e, historicamente, a expansão da agricultura reduziu os ecossistemas naturais, muitas vezes levando à perda na fauna e flora. A ampliação do território agrícola foi bastante mitigada pela “intensificação racional” da produção nas áreas já existentes, mas é importante encontrar novas formas de promover a sustentabilidade nas propriedades rurais.

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Nas lavouras convencionais, isso pode envolver faixas de proteção florestal, culturas de cobertura ou reservas para o habitat de polinizadores. Já na pecuária, e particularmente para animais ruminantes como os bovinos, é possível produzir alimentos nutritivos em sistemas de pastoreio que ainda favorecem o meio ambiente. Os produtores estão cada vez mais antenados nesse movimento. Nas Montanhas Rochosas, a sudoeste de Denver, nos EUA, há um exemplo interessante.

O rancho Eagle Rock é uma operação familiar de gado e feno no Colorado, em uma região de pastagem elevada, mas relativamente plana, conhecida como South Park. Essa área é cercada por belas montanhas com picos de até 4,2 mil metros. A propriedade é administrada pelo casal Jean e David Gottenborg, com sua filha Erin Michalski. A família não tinha formação nenhuma em pecuária, mas vendeu outro negócio que possuía e comprou a fazenda em 2012.
São duas áreas totalizando 1,1 mil hectares que ficam a 2,7 mil metros acima do nível do mar, dentro de ecorregiões classificadas como “pastagens montanhosas-subalpinas das Montanhas Rochosas do Sul”, podendo abrigar diversos habitats que sustentam uma ampla variedade de vida vegetal e animal, incluindo espécies raras e em perigo. Além dos bovinos, os animais de pastoreio incluem ainda alces, veados e antílopes e bisões.

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O objetivo a longo prazo do Gottenborg é cuidar do rancho de uma forma que seja compatível com seu belo ambiente natural. Um dos manejos dos produtores é para evitar a saturação das pastagens movendo estrategicamente o gado de um pasto para outro. Eles aplicam uma técnica chamada “Esgrima de Lay-down” para abrir a terra e acomodar o padrão de migração natural sazonal das populações locais de alces.

Os Gottenborg estão trabalhando num “acordo de ocupação dos alces” com o Centro de Pesquisa de Propriedade e Meio Ambiente, para permitir que os animais circulem e se alimentem em suas propriedades. Eles também construíram “escadas” para peixes em um dos riachos que atravessa a propriedade para facilitar a criação e alimentação da população aquática, e plantaram salgueiros nas margens para controlar a erosão. Para a produção de feno destinado ao gado deixam de 12 a 15 centímetros de “restolho”, o que ajuda a capturar mais neve no inverno e manter um maior nível de umidade no solo.

No projeto de pecuária verticalizada, além da loja online, o casal tem uma loja de varejo na cidade de Fairplay, administrada por sua filha Erin, onde vendem a carne bovina com uma etiqueta de “criados a pasto e terminados com grãos”.

Essa é uma descrição mais significativa do que “alimentado com capim”, além de ser mais eficiente e estar associada a um bom sabor e perfil desejável de gordura. Os clientes são fiéis, incluindo chefs renomados que apostam na qualidade única de sua carne bovina. Em 2023, eles receberam o prêmio de “produtor comercial do ano” pela Associação de Pecuaristas do Colorado.

Para a comercialização direta de carne bovina e para as visitas que a fazenda oferece, os Gottenborg foram em busca da validação e da documentação dos benefícios ambientais de suas práticas de manejo. Para obter uma avaliação especializada, eles financiaram um inventário básico da biodiversidade da propriedade pelo CNHP (Programa do Patrimônio Natural do Colorado, na sigla em inglês). A CNHP é uma organização de 45 anos com uma equipe diversificada de cientistas, com sede na Colorado State University. Sua missão é “fornecer informações e conhecimentos para promover a conservação da riqueza de recursos biológicos do Colorado”. O estudo em Eagle Rock teve um foco particular em espécies e comunidades naturais que são raras ou estão em risco de extinção.

Os resultados da pesquisa sobre biodiversidade
O levantamento do CHNP produziu informações encorajadoras que dão apoio à conclusão de que “as atuais práticas de pastoreio mostram uma paisagem em estado natural, sustentando uma abundância e diversidade de vida selvagem e vegetação significativa”.

A fazenda não apenas alimentava o gado, mas também abrigava alces, antílopes pronghorn, carneiros selvagens e cervos-mula. Outros animais incluíam o caracol de bexiga aguda, a garça-real-azul, o papa-moscas-oliva e a salamandra-tigre ocidental. No resumo da pesquisa está que “o valor de conservação da vegetação natural e do habitat da vida selvagem preservados por essa fazenda não pode ser subestimado”.

Embora esse modelo de produção se encontre em um contexto único e limitado, é notável que a pecuária e a biodiversidade podem realmente coexistir, mesmo no que parece ser um ambiente natural delicado. O exemplo que o rancho Eagle Rock representa é a ideia de que um pastoreio dos bovinos adequadamente gerido apresenta muitas semelhanças com herbívoros selvagens, como os alces, permitindo que a produção de carne se alie à proteção da biodiversidade e das espécies vulneráveis.

*Steven Savage, colaborador da Forbes EUA, é especialista em tecnologias agrícolas há quatro décadas. É biólogo pela universidade de Stanford e doutor em fitopatologia pela Universidade da Califórnia, Davis.

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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