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Financiar a casa própria fica mais difícil com a Selic estacionada?

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A última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu as projeções e manteve a Selic em 10,5%. Referência para todas as taxas do país, a Selic elevada faz com que o custo do crédito também  permaneça alto. Essa é uma preocupação que pode afastar quem deseja financiar a casa própria do seu objetivo.

No mercado existem diversas opções de financiamento imobiliário disponibilizadas por bancos e outras instituições financeiras. As taxas de juros, prazos de pagamento e limites de financiamento costumam variar. Paula Reis, economista do DataZAP, explica que os juros do financiamento caminhavam para uma tendência de queda, após o início dos cortes na Selic desde agosto do ano passado.

Agora, segundo a economista, a tendência é de que o custo do financiamento imobiliário se mantenha no patamar atual. “Neste caso, quem está em busca de um imóvel para compra deve ficar ainda mais atento às opções de crédito oferecidas pelos bancos e à flexibilidade nas condições de pagamento para obter as melhores condições ao financiar um imóvel”, afirma.

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Na mesma linha, João Ricardo Coutinho, economista e diretor da RJ+Asset, aponta que muitos dos financiamentos imobiliários estão atrelados a diferentes coeficientes, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), além de um prêmio de risco. “A queda ou alta da taxa básica faz automaticamente esse juro acompanhar [o movimento]. Uma Selic menor estimula mais a busca pelo crédito e a obtenção do financiamento”, diz.

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Por outro lado, Alison Oliveira, coordenador do índice Fipezap, lembra que os efeitos da taxa Selic, seja em um cenário de elevação, corte ou manutenção, não são refletidos imediatamente nos juros do financiamento imobiliário. “A Selic está quase no mesmo nível das taxas do mercado imobiliário. De cara, a manutenção não vai afetar a demanda por crédito já nos próximos meses. Mas é preciso ter atenção ao longo prazo: se o ciclo de cortes realmente for encerrado, uma queda na busca [por financiamentos] poderá ser vista a médio e longo prazo.”

Vai ficar mais difícil comprar a casa própria?

Ainda segundo o coordenador do índice Fipezap, no momento atual o mercado imobiliário ainda está assimilando a queda da taxa básica de juros, que chegou ao pico em 13,75% entre agosto de 2022 e julho do ano passado. “Com a estagnação da taxa, vamos ver o que vai acontecer com a venda dos imóveis somente nos próximos meses, se os financiamentos vão arrefecer ou se haverá uma acomodação dos valores”, diz Oliveira.

Mesmo com efeito não-imediato, vale lembrar que a Selic a 10,5% ainda está em um patamar elevado. Para Paulo Castro, responsável pela área de Real Estate da SulAmérica Investimentos, o financiamento da casa própria se tornará mais difícil para uma parcela da população. Segundo ele, é preciso olhar o mercado de crédito imobiliário de acordo com as três faixas de renda: baixa, média e alta.

“A população de baixa renda tem um funding [captação de recursos para investimentos] específico com o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Já a alta renda tem mais liberdade em escolher entre comprar um imóvel de qualidade, com pouco financiamento ou nada. Com o que temos hoje, é a média renda que terá mais dificuldades”, aponta.

Isso porque essa camada da população depende mais do financiamento bancário, cujo funding exige captações líquidas da poupança — pela lei, 65% desse montante é destinado ao crédito imobiliário, com um custo para o banco de uma taxa referencial (TR). No entanto, segundo dados do Banco Central, a caderneta acumula saída líquida de R$ 15,5 bilhões no acumulado do ano até o mês de maio. Em 2023, os resgates totalizaram R$ 87,8 bilhões.

Ainda assim, o último boletim da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostra que os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somaram R$ 15,7 bilhões, crescimento de 37,6% comparado ao mesmo mês do ano passado. No entanto, o volume financiado foi de R$ 48,7 bilhões, retração de 5,1% frente a 2023.

Comprar ou investir em imóveis?

Outros instrumentos que podem compor o funding imobiliário são a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e a Letra Imobiliária Garantida (LIG).

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Para quem vai precisar adiar o sonho do financiamento da casa própria até as condições dos juros ficarem melhores, Paulo Castro, da SulAmerica Investimentos, indica a alocação de capital nessas modalidades.

“O investimento em crédito imobiliário pode ser acessado via fundos ou diretamente no ativo. O atual nível de juros está historicamente elevado e os investidores terão bons retornos de forma geral, além da isenção do imposto de renda para pessoas físicas”, aponta.

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Apesar disso, João Ricardo Coutinho, da RJ+Asset, lembra que a manutenção da Selic em patamar elevado tem força para desacelerar a valorização no preço dos imóveis. De acordo com o Índice FipeZAP, no acumulado até maio, os imóveis residenciais apresentaram uma valorização de 6,07%. “Como todo ativo real há uma correlação inversa com os juros. Quando a taxa de juros cai de modo mais prolongado, a tendência é de que os imóveis — e de qualquer outro ativo — tenham uma alta, e vice-versa se o juro subir”, afirma Coutinho.

Comprar ou alugar?

Para Paula Reis, do DataZAP, diante de um cenário de juros elevados por mais tempo, as perspectivas para o setor imobiliário se tornam mais desafiadoras. “Por outro lado, existe a possibilidade de aquecimento do mercado de locação, movimento que geralmente acontece quando o cenário de compra é mais difícil”, salienta a economista.

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Não por acaso, o índice FipeZap mostra uma valorização de 14,8% no aluguel dos meses acumulados até maio. “Isso pode ser explicado justamente pela taxa de juros elevada, que tem reduzido o poder de compra de imóveis e aumentando a demanda por locação. Se os juros ficarem estagnados nesse patamar, certamente o efeito vai refletir na demanda pelo aluguel, enquanto a compra de imóveis tenderá a cair”, afirma Alison Oliveira, do Fipezap.

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Como o tênis contribuiu na carreira executiva de CEO da Lacoste

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O esporte, especialmente o tênis, sempre foi um pilar fundamental na minha vida e carreira. As competências que desenvolvi ao longo dos anos como tenista são ferramentas que aplico diariamente na minha rotina como executivo.

Sem essas habilidades, tenho certeza de que não teria tido a oportunidade de trabalhar nas melhores marcas de moda e esporte do mundo. Além disso, o tênis e o esporte são essenciais para minha saúde mental e física, e por isso continuam e sempre continuarão a fazer parte da minha vida.

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A disciplina é uma dessas habilidades essenciais. Como atleta, é preciso seguir rotinas e calendários bem definidos, incluindo treinos, descanso, alimentação adequada, viagens para competições e momentos de lazer. Da mesma forma, na vida corporativa, a disciplina é crucial. Um executivo pode ser considerado um “atleta corporativo”, sem preparação adequada, estudo constante e cuidado com o corpo e a mente, os resultados não aparecem.

Adaptar-se a diversas circunstâncias é outra lição valiosa do esporte. Seja a variação do tipo de quadra, a bola utilizada, o clima, a altitude do local do torneio, ou o estilo de jogo do adversário, cada variável exige ajustes para alcançar o melhor desempenho.

Foto: Divulgação

Pedro Zannoni é CEO da Lacoste Latin America

No mundo corporativo, a necessidade de adaptação e reinvenção também é constante. As variáveis incluem a situação econômica e política do país, regulamentações, ações da concorrência e os canais de distribuição da empresa. A habilidade de se adaptar rapidamente a essas mudanças é vital para o sucesso.

A tomada de decisão rápida é uma constante no tênis, onde cada golpe e ponto exige decisões imediatas. Essa agilidade mental é igualmente importante no mundo corporativo, onde é necessário tomar decisões rápidas diante das variações que surgem no caminho para alcançar os objetivos.

O fair play é uma marca registrada do tênis, onde é comum ver jogadores contestando uma decisão do juiz mesmo que seja a seu favor. No ambiente corporativo, isso se traduz em compliance. As empresas devem operar de forma ética e transparente em todas as suas relações comerciais.

Embora o tênis seja uma competição individual, o sucesso do atleta depende de uma equipe: treinadores, preparadores físicos, psicólogos, nutricionistas, família e patrocinadores. Nas empresas, o trabalho em equipe é igualmente essencial. Nenhum executivo realiza nada sozinho. É preciso uma equipe com diferentes experiências e conhecimentos. Empresas, executivos e empreendedores de sucesso sempre têm uma equipe estruturada e engajada por trás. O engajamento é conquistado com comunicação clara e constante em todos os níveis da organização.

Aprender a lidar com adversidades é parte integrante do tênis. Em um torneio com chave de 128 jogadores, 127 perdem; em uma chave com 64 jogadores, 63 perdem. Uns nas primeiras rodadas, outros nos jogos finais, mas quase todos lidam com a derrota. Essa experiência traz uma resiliência incrível e nos ensina a enfrentar dificuldades de forma natural, sem encará-las como o fim do mundo. Aprendemos a olhar para a próxima oportunidade de vitória, sempre focados em melhorar.

As lições valiosas do tênis me acompanham diariamente na minha carreira executiva. A parceria entre Lacoste e Rede Tênis Brasil demonstra como os valores do esporte podem transformar vidas e carreiras. No mês em que celebramos o Dia do Tenista, reforço a importância desses valores tão fundamentais na minha jornada.

*Pedro Zannoni é CEO da Lacoste Latin America. Executivo com mais de 20 anos de experiência em multinacionais do setor esportivo e de moda, ele é formado em Direito, pós-graduado em Administração de Empresas, Especializado em General Management na Wharton – University of Pennsylvania e possui formação para Conselheiro de Administração de Empresas pelo IBGC. Antes de iniciar a carreira corporativa, foi treinador e jogador de tênis profissional.

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Agrogalaxy registra recorde de operações de “barter” nos últimos 60 dias

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A AgroGalaxy, uma das maiores varejistas de insumos e serviços agrícolas do país, afirmou nesta segunda-feira que registrou um recorde em operações de “barter” nos últimos 60 dias, com negócios que envolveram 458 mil toneladas de grãos.

Nas operações de “barter”, o agricultor paga os insumos com produtos agrícolas.

“Os dados são inéditos na história da companhia registrados em um curto espaço de tempo dentro de um primeiro semestre”, afirmou a Agrogalaxy, citando que os primeiros seis meses do ano foram desafiadores para o mercado de insumos.

Para o CFO da AgroGalaxy, Eron Martins, a atual estrutura da empresa totalmente dedicada às operações de “barter”, liderada por Paulo Paiva, diretor de Grãos da AgroGalaxy, foi “a virada de chave para alcançar os resultados e oferecer aos produtores rurais as melhores alternativas para garantir seu custo de produção”.

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“Os números comprovam que conseguimos atingir uma estrutura e estratégia de negócio adequadas para o atual momento do mercado, com as soluções mais assertivas para que o produtor rural consiga comprar os insumos para a nova safra se protegendo dos riscos da volatilidade de preços”, disse Martins, em nota.

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Ainda de acordo com o executivo, o ritmo das negociações “permanece animador para os próximos meses”.

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