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IPCA+6,5%: analistas veem oportunidade ‘rara’ em mais de uma década

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Uma das oportunidades mais raras em, pelo menos, 14 anos. Entre março de 2010 e julho deste ano, o investidor só se deparou com títulos públicos remunerando o IPCA+ 6,5% ao ano em apenas 7,7% do tempo. O levantamento foi feito por Bruno Lobo, da Simon Capital, com papéis de vencimento para 2035.

Para quem não conhece, esses papéis são emitidos pelo governo para financiar a dívida pública e possuem remuneração atrelada à variação da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Fora a inflação, ainda pagam uma taxa prefixada ao ano – o tal do “juro real”. Existem pelo menos seis títulos atrelados à inflação na plataforma do Tesouro, com vencimentos entre 2029 e 2055.

Até a última quarta-feira (3), esses títulos do “Tesouro IPCA+” estavam pagando juros reais entre 6,38%, no papel com vencimento para 2040, e 6,5% ao ano, para o vencimento em 2029. Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, a oportunidade é indiscutivelmente de compra, especialmente nos títulos mais curtos, que apresentam retornos reais maiores.

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“Quando a gente compara o IPCA+6% ou 6,5%, em janelas de 5, 10, 15 e 20 anos, ele rende mais do que o CDI, dólar e Ibovespa”, ressalta Vitor Miziara, sócio da Performa Ideias. O especialista reforça que os títulos do Tesouro IPCA+ são conservadores, ou seja, para todo perfil de cliente.

“E mesmo assim, em todas essas janelas, rende mais (do que os demais índices). É uma ótima oportunidade para todas as classes de investidores que querem corrigir o dinheiro no tempo pela inflação e ainda ter uma taxa nominal muito alta”, diz Miziara.

Leia também: Tesouro IPCA+ supera investimento em imóveis nos últimos 10 anos

De fato, o IPCA+6% só perde para o Ibovespa nos últimos 12 meses. Em todas as demais períodos, o título supera o índice de ações, segundo dados levantados por Einar Rivero, da Elos Ayta. Em cinco anos, por exemplo, o retorno do IPCA+6% é de 77,1%, contra 25,83% do Ibov e 46,9% do CDI.


“Diversos estudos apontam ainda que esses títulos com taxas de IPCA+6% superam grande parte dos fundos multimercados (FIMs) – fato que vemos a enorme dificuldade que a indústria dos FIMs vez passando nos últimos meses, com forte saída de capital dos investidores”, diz Rafael Claudino Baerwaldt, sócio fundador da HCI Invest e planejador financeiro CFP pela Planejar.

Em 12 meses, o Índice de Hedge Funds (IHFA), parâmetro para os multimercados, está com retorno de 5,3%, metade do retorno esperado de um Tesouro IPCA+ com juro real acima de 6%.

“São poucos os momentos em que as taxas chegaram aos patamares, e por isso apresentam uma ótima oportunidade para investidores de longo prazo”, ressalta Ivonsir Coelho, sócio e head de Renda Fixa da Alta Vista Investimentos.

Exagero?

Esse patamar de juro, encostado em 6,5%, representa uma escalada em relação ao cenário do início do ano. Em 2 de janeiro de 2024, o juro real oferecido por esses ativos (acima da inflação) estava em torno de 5,3% ao ano. O salto nos rendimentos acontece na esteira do aumento das incertezas fiscais no país e juros mais altos nos EUA.

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No mercado doméstico, as mudanças nas metas estabelecidas no arcabouço e pouca visibilidade sobre cortes de gastos pelo governo elevaram as incertezas dos investidores e jogaram para cima as projeções para os juros e inflação no futuro. E isto fez com que o Tesouro Nacional precisasse emitir títulos com rendimentos maiores para atrair capital.

Já no cenário externo, o juro ainda alto nos EUA, de 5,25% a 5,5% ao ano, limita cortes na taxa básica de juros do Brasil – hoje estagnada em 10,5% ao ano. Em tese, quanto menor a diferença entre o juro americano e o brasileiro, mais o mercado doméstico perde atratividade aos olhos do investidor estrangeiro. Ou seja, enfrentamos saída de dólares da economia do país.

“Para ter IPCA+6% no mercado, a gente precisa de uma combinação de juros altos no mundo inteiro, juros elevados no Brasil e ainda um cenário de estresse. Ou seja, momentos em que o mercado acaba demandando por taxas mais altas para comprar títulos públicos do governo”, diz Miziara.

Há quem acredite que a reação negativa do mercado frente às sinalizações econômicas dadas pelo governo é exagerada. Até porque, hoje, não há descontrole inflacionário ou uma crise profunda. Uma das últimas vezes em que as taxas do Tesouro IPCA+ chegaram a 6,5% foi durante o Governo Dilma Rousseff (PT), quando o país entrou em recessão.

“Não vejo motivos paras as taxas de juros reais estarem nos mesmos patamares de períodos como em 2014 e 2015”, diz Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital. “Naquela época, vivíamos um fiscal pior, inflação descontrolada, banco central político, Produto Interno Bruto (PIB) negativo, arrecadação em declínio. Muito foi feito desde então e muitas das reformas, inclusive de cunhos fiscais, já aconteceram. Acredito que esses preços de hoje estão muito relacionados a um exagero do mercado, somado ao cenário externo mais complexo.”

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Exagero ou não, o consenso é de que a taxa é oportunidade. Na visão de Fonseca, este pode ser, inclusive, o pico de rendimento a ser atingido pelo título. “As taxas atuais estão em patamares bem atrativos. Acredito que não passe disso (IPCA+6,5%)”, afirma Fonseca.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também vê parte das incertezas se dissipando até o fim do ano, o que deve levar a taxas menores nesses títulos públicos. “Penso que daqui a seis meses com, provavelmente, algum corte de juros nos Estados Unidos, o mundo mais líquido, menos tensões, esse título IPCA+6,5% deve estar mais escasso no mercado”, diz.

Retorno negativo?

Quem comprou um título IPCA+ no início do ano está vendo o papel desvalorizar até 8,6% na carteira. Apesar de serem títulos de renda fixa, o Tesouro IPCA+, assim como o Tesouro Prefixado, sofrem efeitos de “marcação a mercado”.

Esse mecanismo atualiza diariamente os preços desses papéis para vendas feitas antes do vencimento. Ou seja, o investidor fica sabendo diariamente por quanto conseguiria vender aquele título no mercado secundário, caso precise vendê-lo antes do prazo acordado.

Geralmente, quando as expectativas para os juros e inflação sobem, como agora, os títulos IPCA+ e prefixados desvalorizam. A lógica é a seguinte: se o Tesouro começa a negociar títulos com rendimentos cada vez maiores, quem comprou o papel e travou o dinheiro com uma taxa menor de remuneração, tem um ativo “pouco atrativo” na carteira. Por isso, caso venda, terá deságio.

O contrário também acontece, isto é, quando as expectativas são de juros menores, quem comprou um IPCA+ no passado, com retorno maior do que o oferecido atualmente, poderá vender o título antecipadamente com lucro. Já quem consegue segurar o ativo até o vencimento acordado, terá a taxa contratada, sem perdas.

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De acordo com Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, quem já tinha IPCA+ e com a escalada das taxas está vendo o papel desvalorizar, não deve vender o ativo. Uma possível inversão de cenário até o fim do ano, com o início de corte de juros nos EUA, por exemplo, poderá fazer o Tesouro emitir papéis com taxas menores. Portanto, a atual queda pode virar para ganhos.

“Provavelmente até o final do ano, o cenário fica um pouco mais tranquilo e quem comprou anteriormente ainda vai ter algum ganho. O Governo já vai estar oferecendo o título a taxas bem menores. Por isso eu acho interessante, sim, esse momento para compra”, ressalta.

Miziara também não recomenda vender os títulos que estão desvalorizando e, sim, comprar mais. “Não é porque o papel está marcando agora uma desvalorização que vale a pena vender”, afirma. “A gente nunca vai acertar esse título na máxima. A questão é que no longo prazo ele sempre rende muito e sempre rende o combinado (se mantido até o vencimento). O sentido é manter em carteira e, se possível, aproveitar o máximo possível para ir alocando um pouco mais desse título.”

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Agronegócio

Loteria Federal: confira as dezenas sorteadas neste sábado (6)

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Foi realizado pela Caixa Econômica Federal nesta quarta-feira (6), o sorteio válido pela extração 5881-5 da Loteria Federal.

O prêmio sorteado é de mais de R$ 1,5 milhão, distribuídos entre os prêmios principais, ou seja, aqueles que acertarem todos os números sorteados, e os prêmios derivados.

O resultado do concurso será divulgado em breve no site oficial das Loterias Caixa.

Confira as dezenas sorteadas de acordo com os prêmios:

5º Prêmio:

O número do bilhete premiado foi: 00483.

4º Prêmio:

O número do bilhete premiado foi: 35432.

3º Prêmio:

O número do bilhete premiado foi: 40599.

2º Prêmio:

O número do bilhete premiado foi: 47822.

1º Prêmio:

O número do bilhete premiado foi: 21933.

Os ganhadores têm 90 dias para realizar o resgate dos valores. Em caso de valores premiados inferiores a R$ 2.259,20, o resgate é realizado nas Loterias, já em caso de resgates superiores são realizados em uma agência da Caixa.

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O sorteio foi transmitido ao vivo no canal oficial da Caixa no YouTube e pode ser conferida abaixo:

Colaborou: Renata Duque.

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Agronegócio

Café: preços encerram junho em alta

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Os preços do café encerraram junho em alta no mercado spot nacional. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio dos aumentos externos e da desvalorização do Real juntamente ao aperto mundial de oferta. 

Para o robusta, o Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima, encerrou o dia 24 de junho a R$ 1.250,67/saca de 60 kg, o maior valor da série histórica do Cepea, iniciada em 2001, em termos reais. 

Confira na palma da mão informações quentes sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no WhatsApp!

A média mensal da variedade foi de R$ 1.214,21/sc de 60 kg, também recorde real da série do Cepea e significativo avanço de 20,6% em relação à de maio/24. 

Quanto ao arábica, no acumulado de junho, o Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, subiu 84,74 Reais/saca (ou 6,6%). 

A média mensal foi de R$ 1.349,21/sc, quase 15% acima da de maio/24 e a maior desde fevereiro/22, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de maio/24).

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Agronegócio

Algodão: indicador reage em junho

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Após cair por três meses seguidos, o preço do algodão em pluma reagiu em junho. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio da posição firme vendedora e da maior procura, mesmo que pontual. 

No acumulado do mês, o Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, subiu 1,72%, fechando a R$ 3,9697/lp no dia 28. A média mensal foi de R$ 3,9317/lp em junho, superando em 1,94% a de maio/24, mas 3,29% abaixo da de junho/23, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de maio/24). 

Confira na palma da mão informações quentes sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no WhatsApp!

Pesquisadores do Cepea explicam que a disponibilidade de pluma no spot ainda é restrita diante do encerramento da temporada 2022/23 e da chegada pontual de algodão da nova safra 2023/24. Do lado da demanda, alguns compradores buscam por novos lotes e chegam, inclusive, a ofertar valores superiores na tentativa de atrair vendedores. 

Outras indústrias estão abastecidas e/ou tentam adquirir a preços inferiores, ainda conforme pesquisadores do Cepea. Comerciantes, por sua vez, realizam negócios “casados” e/ou compram a pluma para atender aos contratos firmados anteriormente. 

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