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Agronegócio

Os culpados pela queda de 4,53% do Ibov no 1º tri e o que esperar agora

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O Ibovespa fechou o primeiro trimestre de 2024 com uma queda de 4,53%, aos 128.106,10 pontos. O resultado cai como um balde de água fria nas perspectivas otimistas que o mercado mantinha para o período desde a virada do ano. Por trás do desempenho morno do principal índice de ações da B3, estão as surpresas com a política monetária dos EUA e os riscos políticos no cenário doméstico.

No ano passado, grande parte do mercado acreditava que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) começaria a fazer cortes na taxa de juros do país ainda nestes primeiros três meses do ano. A queda dos “fed funds”, junto com os cortes já contratados na taxa básica de juros do Brasil, a Selic, gerariam um ambiente favorável para a renda variável.

Contudo, apenas a diminuição da Selic se concretizou – a taxa iniciou o ano em 11,75% ao ano e agora está em 10,75%, após duas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Já o Fed, surpreendido por dados de inflação e atividade mais fortes do que o esperado na economia americana, não mexeu nas taxas de juros, que se mantiveram entre 5,25% e 5,5% ao ano.

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A diminuição da diferença entre a Selic e o juro americano prejudica a Bolsa brasileira, já que os investidores estrangeiros ficam mais inclinados a alocar recursos na renda fixa dos EUA. Até a última terça-feira (26), os gringos retiraram R$ 22,5 bilhões da B3. “A política monetária aplicada nos EUA afeta a economia do mundo todo, tendo um impacto ainda mais relevante em países emergentes, como o Brasil”, afirma Pedro Accorsi, analista da Benndorf Research e Accorsi Investing.

Eduardo Grübler, gestor sistemático na AMW, gestora da Warren Investimentos, também vê um movimento de realização de lucros pelo investidor estrangeiro, que lucrou com a alta de 20% da Bolsa brasileira entre novembro e dezembro do ano passado e agora embolsa os ganhos. “A nossa Bolsa, dado o tamanho dela dentro do mercado global, ainda é muito dependente desse fluxo externo”, diz.

Essa também é a visão da Guide Investimentos. “Apesar dos recordes nas bolsas internacionais, o Ibovespa teve desempenho fraco no primeiro trimestre do ano. Em nossa visão, isso está associado à perspectivas de menos cortes de juros nos EUA e resgates de investidores estrangeiros, que pressionaram o mercado local.

Nem toda a queda da Ibovespa é culpa do Fed

Fora a pressão provocada pela saída de fluxo estrangeiro da Bolsa, no cenário doméstico, as sinalizações dadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva também desagradaram. A Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3), as duas ações com o maior peso do Ibovespa, sofreram por ruídos de ordem política. A PETR4 fechou o trimestre quase no zero a zero, com uma leve alta de 0,32%, enquanto VALE3 desabou 17,67% no período. Juntas, as empresas equivalem a uma fatia superior a 23% do índice e ambas foram impactadas, principalmente, por ruídos de ordem política.

Os papéis da Petrobras desabaram 10,37% no pregão de 8 de março após a petroleira anunciar que não pagaria dividendos extraordinários, apenas o mínimo estipulado pela Política de Remuneração aos Acionistas. O represamento de R$ 43,9 bilhões azedou o humor dos investidores, que apontaram interferência da União na decisão. As declarações do presidente Lula em entrevista ao SBT Brasil só intensificaram as discussões, como pode ser visto aqui

Já na Vale, foram as discussões sobre a sucessão do CEO Eduardo Bartolomeo que preocuparam os investidores. Em janeiro, correram rumores de que o governo tentava emplacar o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), Guido Mantega, para o cargo. Os temores de interferência política em uma empresa não-estatal, penalizaram as ações.

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Em 8 de março, a mineradora divulgou a extensão do mandato de Bartolomeo por mais sete meses, de 31 de maio para 31 de dezembro deste ano, assim como a contratação uma empresa internacional para fazer a sucessão. Entretanto, os temores de pressão política continuam. Em 11 de março, José Luciano Duarte Penido, membro do Conselho de Administração da Vale, apresentou a sua renúncia e, em carta, apontou manipulação do processo sucessório para o cargo de CEO. “Não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política”, disse Penido.

Para Danielle Lopes, sócia e analista de Ações da Nord Research, os ruídos políticos são as principais causas para a performance negativa do Ibovespa. “Tivemos bancos e commodities segurando o Ibovespa. Os bancos ficaram relativamente estáveis. Em contrapartida, as ações que possuem mais peso no setor de commodities, Petrobras e Vale, caíram”, afirma. “E Petrobras e Vale caíram pouco em função dos resultados e muito em função da ingerência política”, afirma.

Grübler, gestor sistemático na AMW, também apontou o fator “ingerência política” como uma dos gatilhos que esmoreceu o Ibovespa no período. “Essa incerteza extra, certamente, afasta os investidores estrangeiros e locais da nossa Bolsa”, diz.

Apesar das quedas de Petrobras e Vale terem impacto significativo no Ibovespa, as empresas não lideraram a ponta negativa do índice. Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, 57 estão negativos neste 1º trimestre do ano. As ações que registraram as maiores desvalorizações foram Casas Bahia (BHIA3), Cogna (COGN3) e CSN Mineração (CMIN3), com variação de -40,42%, -32,38% e -31,70%, respectivamente. Já as maiores valorizações foram registradas por Embraer (EMBR3), 3R Petroleum (RRRP3) e Braskem (BRKM5), com retornos de 48,77%, 25,53% e 20,77%.

Um segundo trimestre melhor para a Bolsa?

No ano passado, o Ibovespa também fechou o trimestre em queda, de 7,16%. Já no período seguinte, o indicador esboçou uma grande recuperação e acumulou alta de 15,91%, conforme dados levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta. Contudo, não devemos ver um “repeteco” dessa dinâmica este ano, segundo Lopes, da Nord.

“Para o IBOV deslanchar, precisaria de uma virada de mão da parte do governo. Ou seja, que a União deixe as empresas agirem de forma independente”, afirma Lopes. “Isso teria que parar, o que nos parece cada vez mais improvável”, diz. Ainda assim, ela vê oportunidades em empresas fora do Ibov e dos holofotes do mercado, como a companhia de facilities e segurança do trabalho GPS (GGPS3).

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Dentro do Ibovespa, a preferência fica com as petroleiras menores, as chamadas Junior Oils, como 3R (RRRP3), Prio (PRIO3), PetroReconcavo (RECV3) e bancos, como Bradesco, BTG, Inter e Itaú.

Saiba mais: Sem dividendos da Petrobras, vale investir nas concorrentes?

Já Accorsi, da Benndorf Research, e Grübler, da AMW, enxergam uma conjuntura mais atrativa. Os efeitos dos juros mais baixos no Brasil devem começar a ser sentidos com mais intensidade durante o segundo trimestre, segundo Accorsi, o que melhora o consumo e aumenta a propensão a risco por parte dos investidores.

Além disso, ainda há a expectativa de uma desaceleração na economia norte-americana – pavimentando o caminho para o início dos cortes de juros nos EUA. “A expectativa é, sem dúvida, positiva”, afirma Accorsi, que tem preferência por empresas mais “amassadas” e pouco óbvias, como Cambuci (CAMB3), Enauta (ENAT3) e Moura Dubeux (MDNE3).

Grübler acredita que as quedas em Petrobras e Vale já demonstraram ao governo o efeito destrutivo de interferências e que a maior parte do movimento de realização de lucros pelos investidores estrangeiros já ocorreu.

“Chega certos momentos em que a Bolsa está barata o suficiente e o estrangeiro entra, mesmo com uma incerteza razoável”, afirma o gestor da AMW. “Dado o desconto causado pela underperformance (equivalente à venda) que a gente teve no primeiro trimestre, isso pode trazer um fluxo do estrangeiro de volta para cá. E, por consequência, mexer a nossa bolsa de uma maneira bastante positiva.”

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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