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É seguro investir numa empresa em recuperação judicial?

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Muitas empresas de capital aberto têm entrado com pedidos de recuperação judicial no Brasil. São exemplos emblemáticos os pedidos de Americanas (AMER3), Oi (OIBR3) e Renova Energia (RNEW4). De acordo com a Serasa Experian, esses pedidos cresceram 46% em janeiro deste ano. Sendo assim, as oportunidades para investir em ações dessas companhias têm aumentado consideravelmente. Mas, será que vale a pena?

Recuperação judicial, também referenciada pela sigla RJ, é um mecanismo legal utilizado por empresas para realizar uma reestruturação interna, renegociação de dívidas e se proteger das ações de credores diante de dificuldades financeiras, a fim de que seja evitada a falência. Dessa forma, há um “ganho de tempo” para que seja desenvolvido um plano de recuperação.

Leia também: Justiça aceita pedido de recuperação judicial do Dia Brasil

De acordo com o especialista em finanças pessoais e sócio-diretor da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, é comum encontrar muitos “consultores” que aconselham empresários a optar pela recuperação judicial, sem se preocupar verdadeiramente com a efetiva reabilitação do negócio.

“Obter linhas de crédito torna-se uma tarefa árdua. Poucas empresas conseguem ressurgir nesse processo. A avaliação é superficial e os investidores podem ficar meses sem receber pagamentos”, diz.

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Uma pesquisa realizada pela Serasa Experian aponta que apenas uma empresa em cada quatro sobrevive ao processo de recuperação judicial no Brasil. Foram examinadas 3.522 companhias que tiveram seus pedidos de recuperação judicial aprovados no período de junho de 2005 – ano de criação do mecanismo com a alteração da lei federal 11.101 – a dezembro de 2014.

Leia também: Oi (OIBR3) negocia reestruturação em meio ao plano de recuperação judicial

Gomes afirma que é comum recorrer a descontos e renegociações quando uma empresa enfrenta dificuldades financeiras. No entanto, isso pode abalar a relação com os investidores e afetar o fluxo de capital de giro. “O processo envolve diversos atores, como advogados, administradores judiciais e consultores, o que pode acarretar em custos adicionais e prejudicar ainda mais as finanças”, diz.

Por outro lado, a lei das Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) oferece uma vantagem para empresas em recuperação judicial, de acordo com o consultor. Com o esclarecimento da existência desses ativos no pedido, ocorre a proteção contra credores tributários ou trabalhistas. Também é possível se utilizar do debtor-in-possession (DIP) financing, que surgiu com a reforma da lei em 2020, em que há o oferecimento de garantias para suprir a falta de caixa.

Qual a vantagem de investir nessas empresas?

Segundo o especialista da Valor Investimentos, Virgílio Lage, a principal vantagem é que a margem de lucro pode ser altamente explosiva, com 100% a 500% de alta se o processo for concluído e der certo. Embora haja assimetria no retorno, se o perfil do investidor for arrojado e estudar bem o case, pode ser uma excelente oportunidade.

Já para o economista e CEA da Manchester Investimentos, Thiago Lourenço, o ponto importante é o valor atraente das ações. Muitas empresas em recuperação judicial têm suas ações negociadas a preços baixos devido ao alto endividamento e baixa liquidez. Isso pode representar uma oportunidade para investidores que buscam ativos subvalorizados em processo de recuperação de capital.

Também deve ser levado em conta o know-how da empresa. “Algumas dessas empresas possuem um conhecimento de mercado consolidado em seus setores, o que pode indicar um potencial para a recuperação efetiva do negócio”, afirma Lourenço.

Obviamente, o potencial de recuperação da empresa também deve ser considerado. Empresas com capacidade de retomada, estratégias robustas e relevância no mercado podem representar oportunidades de investimento interessantes.

Leia também: Americanas (AMER3): Justiça homologa plano de RJ; veja como ações operam

E qual a desvantagem?

Virgílio Lage é categórico ao afirmar que a desvantagem é o alto potencial de prejuízo do negócio. Na avaliação do especialista, a chance de perda beira os 90%, caso o processo de recuperação judicial não funcione.

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Para Thiago Lourenço, investir em empresas em recuperação judicial implica num perigo elevado de falência da companhia. Os investidores correm o risco de perder grande parte ou até mesmo a totalidade do capital investido, caso a empresa não consiga se recuperar.

Em caso de falência, os investidores podem não receber qualquer remuneração pelo investimento realizado, o que pode representar uma perda considerável, especialmente se a empresa possuir dívidas superiores aos recursos do investidor.

Recomendações dos especialistas para investidores

Em geral, fazer investimentos nas empresas em recuperação judicial pode representar uma oportunidade de adquirir ativos subvalorizados com potencial de recuperação, mas também envolve um alto risco de perda financeira. Para o especialista da Valor Investimentos, diversificar a carteira pode ser a saída.

“O ideal seria uma carteira de empresas micro, ou seja, umas 20 em recuperação judicial. Então se 18 quebrarem e 2 ‘voarem’, o investidor consegue um bom lucro”, afirma Lage. “No curto prazo, a cautela é sempre essencial, e no longo prazo, deve-se estar atento para as possibilidades de alta.”

O economista Thiago Lourenço não recomenda esse tipo de ação. Para ele, o risco elevado de ver a empresa falir e não ser remunerado não são convidativos. “É importante ressaltar que esse tipo de investimento é mais adequado para investidores com um perfil mais arrojado, que estejam dispostos a assumir os altos riscos associados a essa modalidade”, diz.

No entanto, é importante destacar que não há risco para o investidor de arcar com valores superiores à sua participação. Se a empresa tiver uma dívida maior do que o montante investido pelo investidor, não será necessário fazer novos aportes, segundo Lourenço.

Leia também: Americanas (AMER3): ações sobem após empresa começar a pagar débitos

Ao considerar investir em empresas em processo de recuperação judicial, é essencial adotar uma abordagem cautelosa e realizar uma análise detalhada do caso em questão. Entender os fundamentos do negócio, o contexto do setor em que a empresa opera e os riscos envolvidos são fundamentais ao longo do processo.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

Leia também

Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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