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Dólar dispara após falas de Haddad. O que esperar nos próximos dias?

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Na última segunda-feira (15), o dólar fechou o dia em alta de 1,24%, aos R$ 5,18. Entretanto, na máxima da sessão, chegou a alcançar o patamar de R$ 5,20 – o maior valor em 12 meses. Somente em abril, a valorização da moeda é de 3,4%, enquanto no acumulado de 2024, o salto da divisa norte-americana chega a quase 7% sobre o real. Por trás da disparada da moeda está uma “tempestade perfeita” de aversão a risco, agravada pelas últimas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

O líder da economia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, neste início da semana, que a meta fiscal de superávit de 0,5% estabelecida para o ano que vem, não será atingida. Em vez disso, o Brasil deve ter déficit zero, mesma meta de 2024.

“Isso demonstra que o governo está com dificuldade de arrumar receita e tem aumentado a despesa. Isso traz um medo para o investidor estrangeiro, que aproveitando a onda de juros altos lá fora acaba encorajado a retirar cada vez mais dinheiro do Brasil. E quanto mais dinheiro é retirado daqui, maior fica o preço do dólar”, afirma Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

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O golpe final nas já desacreditadas metas do Arcabouço Fiscal não passou incólume pelos investidores e só adicionou mais risco à balança. Isto porque, no cenário externo, a conjuntura também propicia um ambiente de dólar mais alto.

Fuga para o dólar

A falta de visibilidade sobre o início dos cortes de juros nos Estados Unidos vem pressionando o dólar para cima desde o início do ano. Os dados americanos mais recentes de inflação e de emprego, referentes ao mês de março, mostraram que a economia do país ainda está resiliente e os preços continuam avançando acima das expectativas. A conclusão é que a persistência da inflação afasta, cada vez mais, a possibilidade de diminuição das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Dólar em alta: veja os melhores investimentos para lucrar com a moeda dos EUA

“Os dados econômicos vieram acima do esperado nos EUA e trouxeram uma expectativa tardia de redução de taxas de juros americana. A previsão seria de uma primeira redução em junho ou julho, que agora já se estende para setembro ou novembro de 2024”, afirma Anilson Moretti, sócio e head de câmbio da HCI Invest, que vê o dólar rompendo o patamar de R$ 5,25 no curto prazo.

Desde julho do ano passado, o país mantém os juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, o maior patamar em quase 24 anos. Com a renda fixa mais segura do mundo oferecendo retornos maiores, os investidores estrangeiros tendem a tirar “dólares” de mercados mais voláteis, como o Brasil e demais nações emergentes, e migrar esse capital para os títulos do tesouro americano.

Entre o início de janeiro e a última quinta-feira (11), a Bolsa de Valores brasileira perdeu R$ 24,3 bilhões de investimento estrangeiro na esteira da renda fixa mais atrativa nos EUA. “Quando há perspectiva de manutenção da alta de juros americana, é natural a saída do capital externo para a maior economia do mundo. Isso acaba pressionando a moeda e faz com que o dólar suba”, afirma Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos. “A grande pergunta que o mercado se faz hoje é quando começa o ciclo de queda nos juros por lá.”

Essa também é a visão de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. “A interpretação é que o início do ciclo de redução nas taxas de juros ficou indeterminado e que muito provavelmente o orçamento de cortes será menor do que imaginávamos. Com isso, exagerando o argumento, a expressão consagrada em 2023 dos ‘juros mais altos por mais tempo’ corre os riscos de virar ‘juros mais altos para sempre’”, afirma.

Tempos de guerra aceleram alta do dólar

Os conflitos geopolíticos também ajudaram a acelerar a fuga para o dólar, que é considerado um “ativo de proteção” em momentos de crise. No último sábado (13), seis meses após o grupo radical Hamas realizar um ataque surpresa a Israel, o Irã bombardeou o Estado israelense. A insegurança trazida pela guerra foi sentida nos mercados, com a queda generalizada das criptomoedas após o anúncio da ofensiva e disparada de 1,24% do dólar sobre o real nesta segunda-feira (15).

Saiba mais: Como conflito Irã-Israel impacta o preço do petróleo e pode atingir a Selic

Para o futuro, a trajetória do dólar deve depender do desenrolar, principalmente, dos dados econômicos nos EUA e dos conflitos no Oriente Médio. Os analistas observarão de perto a divulgação de indicadores americanos importantes, como o relatório do emprego (Payroll) e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês).

A partir do momento em que a economia americana começar a dar sinais de fraqueza – ou seja, de que os juros altos estão esfriando o consumo e, consequentemente, trazendo um alívio para a inflação – o mercado deve começar a precificar uma queda das taxas americanas. “Aí o dólar obviamente vai perder um pouco de força porque o estrangeiro acaba voltando para o Brasil”, diz Boragini.

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A tensão geopolítica também fica como ponto de atenção. Uma escalada da guerra em Israel pode pressionar os preços do petróleo devido a possíveis dificuldades de produção. Com combustíveis mais caros, a inflação tende a subir no mundo – o que também gera, em uma segunda instância, uma corrida para o dólar. “Esperamos muita volatilidade para as próximas semanas”, afirma Boragini. “Por ora, o mercado está aliviado aí com os esforços das principais potências mundiais para evitar uma escalada dos conflitos no Oriente Médio.”

Veja também: O que esperar do Ibovespa após tensões entre Israel e Irã

Um possível aumento da inflação no mundo provocada por uma alta do petróleo também pode impactar o ciclo de queda da taxa básica de juros no Brasil. Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano, mas a expectativa é que chegue até o fim do ano a 9% ao ano, segundo dados do Boletim Focus do Banco Central (BC).

“Apesar de mediana das expectativas dos economistas para a taxa Selic terminal ser de 9%, o mercado de juros futuros já precifica uma Selic final na casa de 10% a 10,25% ao ano”, pontua Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos. “Se o BC encerrar o ciclo com uma taxa Selic num patamar ainda bem restritivo, isso geraria efeitos negativos sobre o mercado de crédito e a atividade doméstica.”

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

Leia também

Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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