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Agronegócio

Irrigação transforma região de Goiás em polo de fruticultura

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A região do Vão do Paranã, no nordeste de Goiás, se prepara para dar um importante salto de desenvolvimento socioeconômico a partir da produção de frutas em sistema irrigado, com a contribuição técnica da Embrapa Cerrados (DF).

A Unidade é parceira do projeto “Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã”, lançado em 2023 pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa/GO).

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A iniciativa tem como objetivo viabilizar a produção irrigada de frutas como manga e maracujá por 2.500 famílias de agricultores assentados de reforma agrária de Flores de Goiás, Formosa e São João d’ Aliança, municípios abastecidos pelas barragens do Rio Paranã e do Ribeirão Porteira.

Também participam do projeto a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Emater, o Senar e as prefeituras locais.

Os agricultores participantes recebem kits de irrigação e espaldeiras para o maracujá. Cada propriedade contará com sistema de microaspersão para 1 hectare de manga e um sistema de gotejamento para 1 hectare de maracujá.

O custeio do sistema de produção – mudas, insumos, mão-de-obra, entre outros – é de responsabilidade dos produtores contemplados, que podem financiar esses itens total ou parcialmente por bancos públicos ou privados.

Na primeira etapa do projeto, 10 famílias foram contempladas e outras 138 foram selecionadas pela Seapa/GO para receberem os kits em 2024. 

De acordo com a Seapa, o projeto deve alcançar uma área de 296 hectares com potencial para produzir anualmente cerca de 4,2 mil toneladas de maracujá e 6 mil toneladas de manga a partir do segundo e terceiro anos de cultivo, respectivamente. Cada produtor tem a meta de produzir 28 toneladas por ano, o que proporcionaria uma receita bruta de cerca de R$ 200 mil somente com a produção de maracujá.

Os primeiros plantios foram realizados entre setembro e outubro de 2023 com a assistência da Emater/GO, do Senar/GO e dos técnicos das secretarias municipais de agricultura, que também auxiliaram na aquisição das mudas e estão acompanhando o manejo dos pomares, que no caso do maracujá já estão em produção. Para subsidiar esse trabalho, os profissionais foram capacitados presencialmente pela Embrapa Cerrados em maio de 2023. 

Os agentes multiplicadores também vão auxiliar os produtores no manejo da irrigação para o uso eficiente dos equipamentos adquiridos. A Embrapa Cerrados está produzindo um software para auxiliar os produtores no manejo da irrigação. Também está em elaboração um curso para capacitar os produtores na utilização do software e nos conceitos básicos do manejo da irrigação.

Para Lineu Rodrigues, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, o projeto é de grande importância para a Unidade, pois contribui diretamente na melhoria da qualidade de vida das pessoas. “A ideia fundamental é trazer o desenvolvimento para a região por meio da irrigação. Esse projeto será referência para o Brasil e poderá ser replicado em outras partes do País”, acredita o pesquisador.

Alisson Ferreira, gerente de Irrigação, Clima e Agricultura, da Seapa/GO, considera o projeto, que começou a ser delineado em 2019, uma ferramenta de transformação social. “Flores de Goiás tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do estado e está numa das regiões com mais assentamentos de reforma agrária. Somente no município há 22 assentamentos, com 2.375 famílias, e elas precisam de alguma atividade produtiva. A expectativa é de aumento de renda para os agricultores e a geração de empregos para que essas famílias possam permanecer no campo e viver da atividade produtiva”, comenta.

Alberto do Nascimento Silva, gerente de Apoio à Produção da Codevasf, lembra que a agricultura irrigada tem transformado a realidade de diversas regiões brasileiras, principalmente ao longo da bacia do São Francisco. Ele espera que o projeto transforme o Vão do Paranã num polo de fruticultura, aproveitando a proximidade de Brasília, um grande centro consumidor, e a riqueza em recursos hídricos.

“Diversos rios passam por aqui, há duas barragens e mais uma a ser construída. A água, que é essencial para se trabalhar com agricultura irrigada, não será um fator limitante. Temos solos com alto potencial e enxergamos a fruticultura irrigada como um meio de desenvolver a região, já que essa atividade normalmente gera mais empregos e tem um valor agregado maior que o de outras culturas”, diz.

Otimismo com o projeto

Até o final de março, foram fechadas as duas primeiras vendas de maracujá para a Perboni, uma das maiores distribuidoras de hortifrútis do Brasil. Segundo Alisson Ferreira, a primeira venda foi fechada a R$ 5,30/kg e a segunda a R$ 7/kg. “O preço é sazonal, mas o potencial somente para esse 1 ha de maracujá pode chegar a quase R$ 200 mil/ano. Isso permite que o agricultor participante possa viver da renda gerada dentro da propriedade”, explica. 

Já a manga entrará em produção a partir do terceiro ano do projeto, podendo alcançar uma produtividade média de 40t/ha. “Como o preço dessa fruta também é sazonal, ainda não temos uma projeção financeira, mas estima-se que possa chegar a algo em torno de R$ 150 mil/ano para cada hectare”, projeta o gerente da Seapa/GO.

Entre os agricultores pioneiros do projeto estão José Vanderley Gomes e Ana Clézia dos Santos, do assentamento Bom Sucesso II, em Flores de Goiás. O casal trocou o cultivo de hortaliças para se dedicar integralmente à produção irrigada do maracujá e da manga. “Esperávamos que surgisse uma cooperativa, pois nossa expectativa era pequena, não tínhamos condições. Mas tivemos a oportunidade de participar do projeto através de um vizinho. Fomos selecionados e agora estamos animados”, diz Vanderley. 

Com caixas repletas de maracujás na propriedade de 27 ha, o agricultor agora aposta numa boa renda com a produção das frutas. “Não tínhamos renda de praticamente nada e agora estamos tranquilos. Temos planos de aumentar a plantação de maracujá. Acreditamos que teremos como melhorar de vida. Não temos carro, andamos de bicicleta. Creio que futuramente estaremos bem melhor”.

Além da multiplicação da produção de manga e de maracujá nos próximos anos, a região vive a expectativa da construção de uma agroindústria para o processamento dos frutos que não forem comercializados para consumo in natura. Orçado em R$ 5 milhões, o projeto será custeado por um fundo estadual.

Dados climáticos

Em 26 de março, o projeto entregou uma estação meteorológica, instalada na Escola Municipal Rosário e Souza Ferreira, na zona rural de Flores de Goiás. As informações climáticas obtidas da estação vão subsidiar as decisões dos agricultores participantes quanto ao manejo da irrigação. “Estamos começando a entregar os primeiros frutos dessa parceria. É uma estação meteorológica que fará toda a diferença no processo de irrigação”, comenta Alberto do Nascimento Silva, da Codevasf.

Lineu Rodrigues explica que a estação meteorológica é estratégica para o projeto. “A planta, que é a estrela principal, responde diretamente às variações climáticas. A estação meteorológica vai fornecer as informações básicas sobre o clima local que possibilitarão calcular o quanto de água as plantas estão utilizando. Manejando a água de forma correta, o irrigante estará também economizando na energia e aumentando o seu lucro”.

Também pesquisadora Maria Emília Alves, da Embrapa Cerrados, acrescenta que o registro de dados climáticos pela estação meteorológica ao longo do tempo será importante para o planejamento dos plantios no futuro.

“Se você quiser trabalhar com outra cultura agrícola, é preciso estudar os dados climáticos para saber se ela vai se adequar. Por isso, é importante ter na região uma estação meteorológica que gere dados fidedignos e fazer o registro desses dados corretamente para que, no futuro, possamos avançar em outras frentes”, diz.

Além dos dados diários de chuva, temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, velocidade do vento gerados pela estação meteorológica e que poderão ser acessados em tempo real com o uso de um telefone celular, os agricultores poderão contar futuramente com um aplicativo que reunirá dados georreferenciados sobre as características dos solos da região e das plantas de manga e maracujá. 

A previsão é de que o aplicativo, que será desenvolvido pela Embrapa Cerrados, esteja disponível até julho deste ano. Os agricultores e os jovens envolvidos no projeto serão capacitados para o uso da nova ferramenta. “Com essas informações, o produtor poderá verificar se precisa irrigar ou não e, se tiver que irrigar, o quanto tem que irrigar e por quanto tempo precisará deixar o sistema de irrigação ligado para suprir as necessidades hídricas das plantas”, explica Lineu Rodrigues.

Os agricultores também estão aprendendo sobre técnicas de manejo da irrigação e o uso de equipamentos como tensiômetros (usados para medir a tensão da água retida no solo) e sondas de TDR (determinam a umidade e a condutividade elétrica do solo), entre outros. “Um dos legados que queremos deixar com esse projeto é mostrar que tecnologias modernas de irrigação não são exclusivas de grandes irrigantes. Água e energia viabilizam o uso da irrigação, que traz desenvolvimento e transforma vidas”, completa o pesquisador.

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

Leia também

Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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