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A taxa Selic cai para 10,5% ao ano. Entenda o que isso significa

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Adriano Machado/File Photo/Reuters

Edifício do Banco Central, em Brasília: placar apertado na decisão do Copom pode provocar agitação no mercado

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada na terça e quarta-feira desta semana, tivemos o sétimo corte consecutivo da taxa Selic, que caiu 0,25 pp e não os 0,50 pp que haviam sido, de certa forma, sinalizados pelo BC na Ata da reunião anterior.

Tal qual a votação no próprio Copom, que ficou dividida, com 5 votos pelo corte de 0,25 pontos e 4 votos para 0,50 pontos, o mercado também já vinha dividido quanto ao resultado desta reunião. Cerca de 60% dos analistas já esperavam um corte menor

Porém, o corte em si não é o ponto mais importante dessa reunião. O impacto e maior stress dos mercados devem estar presentes nos próximos dias, mas não em escala muito significativa, já que esse corte menor da taxa Selic já vinha sendo precificado nos ativos tanto na renda variável quanto na fixa.

O ponto focal nessa reunião do Copom está muito mais no fato de que a votação foi apertada, com cinco membros votando de forma mais conservadora, muito em virtude das preocupações com a situação fiscal do país, e outros quatro membros – indicados pelo atual governo – votando por uma política mais expansionista. Essa falta de coesão acende o alerta do mercado.

Por que a Selic caiu menos do que poderia?

Aqui temos um ponto que sempre ressalto: o mercado financeiro não gosta de incertezas, e a realidade objetiva tem trazido à pauta incertezas macroeconômicas relevantes, a começar pela revisão da meta fiscal, trazendo instabilidade e desconfiança quanto ao compromisso do governo quanto a uma política fiscal alinhada com a sustentabilidade da dívida pública.

No fim do ano teremos troca de comando no Banco Central, e o risco de termos um novo presidente com viés mais expansionista, sem que tenhamos internamente condições fiscais equilibradas, e no mercado externo perspectivas de melhora dos dados de inflação, pode resultar numa combinação que aumenta o risco, eleva o câmbio e derruba a bolsa de valores.

A inflação dos Estados Unidos é um ponto de atenção

Como se as condições objetivas no cenário doméstico já não fossem suficientemente desafiadoras, os dados de inflação nos Estados Unidos vieram acima do esperado e, portanto, sem previsão de cortes na taxa de juros estadunidenses no curto prazo, e esse ambiente externo adverso, é um balizador para nosso mercado.

Por mais que economias emergentes, como é o caso do Brasil, estejam com taxas de inflação decrescentes e mais próximas da meta, dependemos muito da queda da taxa de juros nos Estados Unidos para poder cortar juros por aqui. Afinal, uma diferença muito pequena em relação aos juros norte-americanos provocaria o movimento natural dos investidores trocando o risco Brasil pelo risco EUA: estável, forte e sem o elevado risco fiscal que temos por aqui.

O mercado deve se manter cauteloso

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em recente evento, comentou que a expansão da meta fiscal para 2025 poderia mudar a leitura do Copom quanto às perspectivas de corte da taxa Selic e isso se concretizou agora.

Em termos macroeconômicos faz sentido que o Banco Central não tome riscos além do que sua equipe avalia como ideal, até porque, se o cenário voltar a ficar favorável em algum momento, é sempre possível lançar mão de uma eventual aceleração nos cortes, não é mesmo?

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O novo comunicado do Copom reforça que a continuidade, ou não, de cortes na taxa Selic dependem de uma política fiscal consistente por parte do governo, pois a boa performance dos indicadores de atividade econômica e mercado de trabalho no cenário doméstico não são suficientes para assegurar estabilidade e reduzir o prêmio de risco em nossa economia, ao contrário disso, na visão do mercado financeiro, podem até significar maior pressão inflacionária.

O mercado considera ainda o cenário instável, onde as taxas de juros futuras disparam, onerando custos do governo que ao se financiar emitindo dívida, tem de fazê-lo com taxas mais elevadas.

O que muda com a divulgação da nova taxa Selic

Em relação ao que já vínhamos observando nas últimas semanas, me parece que muda bem pouca coisa, já que o mercado já estava precificando esse corte de 0,25 ponto porcentual.

Devemos ter um aumento das taxas dos títulos IPCA+ que, com taxas acima de 6%, levam o investidor ao comportamento rentista, coletando esses prêmios elevados, ao invés de investir na economia real, comprando ações e fundos imobiliários.

Dessa forma, a renda variável deve sofrer um pouco, especialmente as ações de crescimento, como o varejo, por exemplo.

É hora de mudar sua carteira de investimentos?

Essa decisão depende totalmente de qual a sua meta e prazos para alcançá-la, daí a importância de você estudar e aprender a gerenciar seu plano de investimentos, pois ele é mandatário em qualquer cenário e possibilita que você faça ajustes ou surfe ondas específicas em busca de crescimento patrimonial e rentabilidade.

Nesse momento, quem tem como meta o crescimento patrimonial no longo prazo, deve estar fazendo uma combinação de aportes, aproveitando as taxas elevadas da renda fixa, mas sem deixar de aportar também em ações sub precificadas de excelentes empresas, que a longo prazo irão se valorizar significativamente.

Por outro lado, quem precisa de rentabilidade com baixo risco, mais do que nunca tem a oportunidades no Tesouro IPCA  e no crédito privado.

Como sempre digo, não há um investimento específico que seja melhor ou pior. A combinação ideal é uma carteira balanceada, com várias classes de ativos, graus de risco variados e tudo montado em percentuais compatíveis com os objetivos que você tem, e isso não depende do que está ocorrendo no mercado.

Ter esse tipo de carteira é a atitude que tomam as pessoas que não desejam ser conduzidas pelos movimentos do mercado. Ao contrário, desejam estar preparadas para aproveitar as oportunidades de cada cenário.

O mercado financeiro e seus agentes equilibram o tempo todo uma infinidade de interesses políticos, econômicos e institucionais, e tudo isso permeado por fatores macro e nem sempre controláveis. Sendo assim, cabe a você investidor, estudar e aprender a otimizar seus recursos, pois ninguém mais poderá fazer isso por você.

 

Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA  em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhembi Morumbi, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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