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Como escolher investimentos entre a racionalidade e as emoções

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Apesar de sabermos o quanto é importante uma análise racional, lógica e objetiva na escolha de ativos financeiros, os processos mentais aos quais estamos submetidos nem sempre seguem por esse caminho.

A neurociência e a psicologia econômica vêm há pelo menos cinco décadas discutindo amplamente o tema e inúmeros estudos revelam que as escolhas financeiras seguem o mesmo padrão de irracionalidade que permeia outras escolhas em nosso cotidiano.

O paradigma da racionalidade

Mesmo com a popularização de estudos de economia comportamental trabalhando em profundidade quanto à irracionalidade de nossas tomadas de decisão, ainda persiste em boa parte do mercado de capitais a percepção de que produtos financeiros são uma decisão mais séria do que outros bens.

Esta visão é normalmente apoiada pela Teoria do Envolvimento do Consumidor, segundo a qual, há compras de baixo e alto envolvimento. Isso significa que o envolvimento do consumidor depende da relevância da compra segundo suas perspectivas de vida, frequência com que realiza determinada compra, sentimento de risco, nível de informação, valores envolvidos, entre outros.

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Dentro dessa premissa, as compras de serviços e produtos financeiros, em tese, são aquisições com alto envolvimento e, portanto, totalmente racionalizadas, já que demandam lógica e não emoções.

Entendo que esse seria o modelo ideal quando falamos em escolhas de investimento, mas inúmeros estudos científicos têm demonstrado ao longo dos anos que escolhas financeiras em face ao risco e à incerteza são muito mais pautadas por emoções do que por racionalidade e autodeterminação.

Economia comportamental e vieses que interferem nas decisões

Autores como Dan Ariely, Daniel Kahneman, entre outros, apontam evidências de que a decisão racional, na maioria das vezes, é ilusória e, na verdade, ao pensar sobre dinheiro, as pessoas podem até agir de forma mais auto suficiente, mas não necessariamente mais racional.

Os insights identificados pelos economistas comportamentais desafiam muitos dos pressupostos básicos da economia tradicional e das teorias relacionadas à tomada de decisão. Alguns dos principais insights são:

Emoções e normas sociais: boa parte de nossas escolhas são inconscientemente motivadas por emoções e normas sociais. Confiamos em nossa mente intuitiva, que funciona como um atalho para decisões rápidas, mas suscetíveis a vieses e preconceitos, que podem levar a decisões abaixo do ideal;
Dependência do contexto: nosso ambiente influencia nossas decisões. Às vezes, focamos em detalhes irrelevantes e tomamos decisões inconsistentes e focadas em apenas uma pequena parte das variáveis;
Memória: nosso cérebro tende a focar no início, pico e fim de certas atividades ou eventos, negligenciando a duração e motivações subjacentes, e isso pode prejudicar bastante certas decisões;
Ilusão de compreensão: Kahneman descreveu nossa tendência natural de acreditar que a informação que temos é tudo o que há para saber. Em seus estudos ele utilizou a sigla WYSIATI (What You See Is All There Is, ou seja, O que você vê é tudo o que há) para explicar nossa tendência inconsciente de utilizar falácias narrativas que dêem  sentido ao que na maioria das vezes são apenas eventos aleatórios;
Comportamento de manada: somos inconscientemente influenciados pelo que outras pessoas fazem e diante da incerteza, observamos como as outras pessoas se comportam e muitas vezes seguimos o seu exemplo.

Aversão à perda nos investimentos

A aversão à perda é inerente à natureza humana, portanto, é importante  compreender como isso influencia no tipo de investidor que você é.

Inúmeros estudos apontam que uma perda que é monetariamente idêntica ao ganho, é percebida pelo cérebro humano com intensidade de até 2,5 vezes maior.  Isso significa que ao avaliar opções de investimento, tendemos a focar mais na possibilidade de perder dinheiro do que nos potenciais ganhos.

Se uma potencial perda ameaçar o estilo de vida, normalmente as pessoas rejeitam completamente a opção. Apenas jogadores obsessivos normalmente considerariam este tipo de situação como aceitável.

Quando investidores se deparam com uma situação em que tanto um ganho como uma perda são possíveis, a tendência predominante é de escolha da opção de menor risco.

Por exemplo, uma pessoa é confrontada com a escolha entre um pequeno ganho garantido ao longo de 5 anos em um produto de renda fixa, como um CDB ou até mesmo a poupança, e um produto ligado ao mercado de ações que apresenta um baixo risco de uma grande perda.

A maioria dos investidores escolhe a renda fixa, mesmo que a opção do mercado de ações ofereça maior potencial de retorno. Isso ocorre porque nosso cérebro vai sempre ancorar primeiro a informação sobre a possível perda, ignorando a probabilidade de ocorrência e outros fatores relevantes, como inflação, risco fiscal, instabilidades de ordem macroeconômica, etc.

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Por outro lado, quando a escolha é entre uma certa perda e uma perda maior que é apenas uma pequena probabilidade, a sensibilidade à perda diminui e faz com que o investidor acabe por assumir mais riscos.

Isto explica, por exemplo, porque muitos investidores insistem em carregar por longo tempo ações com fraco desempenho e ainda investem mais dinheiro para reduzir preço médio, na esperança de que o preço recupere o suficiente para evitar perdas. Isso é conhecido como falácia do custo irrecuperável.

Equilibrando razão e emoção para investir melhor

Como investidores, é essencial reconhecer que somos seres emocionais. No entanto, podemos adotar estratégias para equilibrar racionalidade e intuição:

Autoconhecimento: entenda seu perfil de investidor e tolerância ao risco. Defina metas claras e alinhe seus investimentos a elas;
Educação Financeira: aprenda sobre os produtos financeiros disponíveis. Conheça os prazos, riscos, e rentabilidades. Quanto mais você se instrumentaliza, menor a chance de decidir apenas emocionalmente;
Análise Crítica: ao tomar decisões, avalie informações de forma objetiva e, sobretudo, observe-se. Esteja ciente dos vieses cognitivos e emocionais presentes e, se necessário, adie sua decisão até entender melhor porque não está conseguindo focar na análise racional;
Diversificação: distribua seus investimentos em diferentes classes de ativos para reduzir riscos e evitar decisões impulsivas.

Em resumo, a escolha de investimentos não é apenas uma questão de números e gráficos. Envolve um delicado equilíbrio entre razão e emoção que para ser alcançado, dependem exclusivamente do seu empenho em estudar a si e ao mercado.

Se municiando de informações técnicas sobre mercado e investimentos, você reduz substancialmente o risco de que as emoções prevaleçam em suas escolhas financeiras.

O conhecimento irá facilitar o processo de ponderar possibilidades e, neste percurso, você irá gradativamente aprender a identificar o quanto e quando suas emoções o atrapalham.

Seguramente, autoconhecimento e educação financeira são os melhores investimentos que você pode fazer para um futuro com autonomia.

 

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

Leia também

Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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