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A saga de uma jovem para conseguir a devolução de um Pix errado

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Fazer uma transferência Pix para o destinatário errado se tornou um pesadelo moderno. A transação é instantânea e não tem como voltar atrás: uma vez enviada, somente quem recebeu o depósito pode realizar o estorno do dinheiro. E os bancos não têm a obrigação de te ajudar com isso – ou seja, muitas vezes você está “sozinho” para encontrar o recebedor e solicitar a devolução.

Essa foi a conclusão que Lívia Penna, jornalista, chegou ao buscar ajuda para obter o estorno de um Pix enviado à pessoa errada. Ela precisava pagar uma corrida de táxi, mas ao escrever a chave Pix do motorista, um e-mail, digitou um caractere a menos. Conferiu o nome do destinatário, que por coincidência tinha dois sobrenomes em comum com o correntista correto, e confirmou o envio de R$ 225. Só depois, a jovem e o motorista perceberam o engano. Assim começou a “caçada” pelo destinatário.

Em primeiro lugar, Penna tentou enviar uma mensagem para o e-mail usado como chave Pix, mas não teve retorno. A segunda alternativa consistiu em entrar em contato com os bancos envolvidos na transação. O montante foi enviado pela conta dela no Nubank para uma que pertencia ao PicPay. Contudo, a resposta de ambos foi parecida.

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Atendentes do Nubank orientaram Penna a procurar por conta própria o destinatário para conseguir o estorno. Alertaram também que, como o dinheiro havia caído em outra instituição, não poderiam fazer muito. “Fica a cargo do outro banco fazer a devolutiva”, disse o colaborador do “roxinho”.  O PicPay deu orientação semelhante, pedindo para que Penna entrasse em contato com o recebedor e solicitasse que o beneficiado pelo equívoco chamasse a instituição pelo chat no aplicativo.

Saiba mais: Histórias de invasão e roubo de conta bancária e o que aprender com elas

“No fim, nenhum dos dois bancos fez nada. Me senti frustrada e sem alternativas”, conta Penna. “Eu tenho conta no PicPay, até tentei entrar em contato com o recebedor pelo chat de usuários da plataforma, mas ele não me respondia. Parece que não acessava aquela conta há muito tempo.” Procurado, o PicPay preferiu não se manifestar.

Já o Nubank ressaltou que não comenta casos específicos, mas que recomenda aos seus clientes que sempre revisem os dados antes de concluir as transferências, já que elas são irreversíveis. “Em casos de transação errada via Pix e pedidos de estorno, o cliente deve negociar a devolução do valor pago com o recebedor. Caso o cliente receba um Pix erroneamente, basta entrar no app do Nubank, clicar na transferência e informar que deseja devolver ao pagador. Ao fazer isso, uma tela vai surgir com a opção ‘Precisa fazer um reembolso?’, em seguida basta clicar nela e confirmar a operação”, afirma o banco, em nota enviada ao E-Investidor.

Tendo como únicas informações o nome completo do destinatário, um e-mail aparentemente sem uso e seis dígitos do CPF, Penna começou a investigar. Primeiro, fez uma busca nas redes sociais e encontrou três pessoas com o mesmo nome e sobrenomes do titular da conta beneficiada – um deles, inclusive, tinha o mesmo nome de usuário (@) que o destinatário no PicPay. Entrou em contato, mas nenhum deles era o “cara” certo.

Depois, colocou o nome completo no Google. “Achei um nome igual em uma lista de aprovados em um concurso público feito no Estado de Goiás, que havia passado na segunda colocação. Então, identifiquei o lugar em que esse correntista trabalhava e liguei para lá”, diz Penna. “Mas o concursado era um homônimo e nem tinha conta no PicPay.”

Já um pouco desanimada, juntou amigos para encontrar mais “rastros” do beneficiado pelo Pix errado. Por meio de um site de busca de dados, conseguiram descobrir o ano de nascimento do destinatário – 1971 – mas ainda não era o suficiente. Na sequência, fizeram pesquisas no Portal da Transparência. Entre os resultados, uma surpresa: havia um funcionário público com o mesmo nome, CPF e ano de nascimento. O Portal ainda ofereceu uma informação adicional, a localidade em que esse servidor trabalhava. Na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba.

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Penna, então, consultou o Jus Brasil na esperança de encontrar processos que envolvessem pessoas com o mesmo nome do destinatário, mas que tivessem origem na Paraíba. A pesquisa deu retorno e ela achou um processo, movido em 2016, cujo requerente era alguém com o mesmo nome. Logo, entrou em contato com o escritório de advocacia que atendia o destinatário.

“Expliquei a situação e pedi gentilmente que os profissionais passassem o meu contato para o Felipe (nome fictício) para que eu pudesse reaver o dinheiro. Mas não foi preciso, no mesmo dia, o advogado entrou em contato com ele e pediu a devolução”, diz Penna. Depois disso, o estorno foi rápido. “Fiz o pix no dia 24 de abril e recebi a devolução no dia 26 de abril, após toda essa procura.”

O que dizem a lei e os bancos sobre estorno do PIX

Esse tipo de problema se tornou comum com a popularização do Pix e, em situações como essa (de erro no envio), no geral o consumidor fica à “própria sorte” para resolver. Os bancos não têm a obrigação de intermediar o contato, já que não existe regulamentação do Banco Central a respeito. As instituições financeiras também não podem realizar o estorno por conta própria sem que o correntista que recebeu o dinheiro aprove, tampouco compartilhar os dados do receptor com quem fez a transferência.

“Caberá ao consumidor procurar o beneficiário do Pix errado e tentar obter de volta a quantia. Não há cabimento uma operação entre particulares, realizada sob livre e espontânea vontade das partes, ter que ser desfeita por um terceiro responsável único e exclusivamente o meio eleito por elas para realizar o negócio”, afirma Feliciano Lyra Moura, sócio do Serur Advogados.

Isso também é o que aponta Stephanie Almeida, advogada do Poliszezuk Advogados. “No caso de um Pix enviado erroneamente ou por engano, o banco não tem obrigação de facilitar o contato entre remetente e destinatário, isso porque o banco tem a obrigação de preservar a identidade e os dados de seus clientes em decorrência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”, diz.

Veja também: Como uma dívida de R$ 1 milhão no banco foi quitada com apenas R$ 250

Entretanto, por não existir uma regra universal, cada banco pode ter uma conduta diferente em relação ao suporte aos clientes. O Itaú (ITUB3; ITUB4) e o Bradesco (BBDC3; BBDC4), por exemplo, reforçam que os usuários que fazem uma transferência Pix errada devem, em primeiro lugar, tentar contato com o destinatário.

Caso a busca não tenha sucesso, o Bradesco pode intermediar o contato, sem garantia de devolução de valores ou compartilhamento de dados pessoais, desde que a conta-destino seja também da instituição. “Caso o cliente não consiga a devolução de nenhuma forma, o Bradesco orienta que o cliente realize um boletim de ocorrência”, diz o banco.

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Questionado sobre a possibilidade de intermediação, o Itaú apenas ressaltou que preza pela segurança bancária dos clientes e, por isso, não pode compartilhar dados pessoais. “Caso o cliente tenha sofrido um golpe e transferiu um valor de forma enganosa, a vítima deve entrar em contato imediatamente com o Itaú, seja pelos canais digitais ou em uma agência física. O banco acionará o mecanismo especial de devolução, solicitando a tentativa de bloqueio do valor enviado e sua equipe atuará junto à instituição financeira recebedora para recuperar os recursos disponíveis na conta do golpista”, diz.

Quem faz a transferência de forma equivocada acaba sozinha na missão de encontrar o recebedor e fazê-lo devolver o dinheiro. Contudo, na outra ponta, o cliente que recebeu o Pix equivocado também se vê em uma situação desconfortável. Paula Bezerra, que também é jornalista, já esteve nessa posição. Uma médica errou o último número do celular do marido, que era a chave Pix da transação, e em vez de enviar R$ 17 mil para o cônjuge, o fez para Bezerra.

“R$ 200 mil em dívidas e depressão”: histórias de viciados em apostas online

“Um número desconhecido começou a me ligar desesperadamente. Eu geralmente não atendo números que eu não conheço, mas as ligações não paravam”, conta Bezerra. “Quando finalmente atendi, a mulher, que se identificou como médica, me contou  que tinha me enviado R$ 17 mil por engano. Explicou que o meu número de celular era igual ao do marido dela, com exceção do último dígito.”

A profissional da saúde também explicou à Bezerra que, ao consultar a cooperativa de crédito da qual era cliente, foi orientada a procurar por conta própria o correntista que recebeu o dinheiro. “A conta que ela me enviou, eu não uso. Se ela não tivesse me avisado, eu não teria visto”, diz. “Ela ficou desesperada, mas eu expliquei que devolveria o dinheiro. Sorte dela que a chave Pix era um número de celular, se fosse um CPF ou chave aleatória, seria muito difícil me encontrar.”

Devolução do Pix na Justiça

Em situações em que o cliente não consiga contato com o destinatário ou o recebedor se recuse a devolver o dinheiro, é possível tomar medidas legais contra quem se apropriou indevidamente dos recursos. Ou seja, cometeu o crime de “apropriação indébita”, descrito no Código Penal.

Diante desse tipo de ação, o consumidor pode registrar uma ocorrência junto ao Banco Central, procurar a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), realizar um boletim de ocorrência (B.O.) na polícia e, por fim, ingressar com uma ação judicial tanto na esfera cível quanto na  criminal.

Leia ainda: 470 mil pessoas podem receber valores da época Collor. Você é uma delas?

Um caso famoso de erro em Pix aconteceu com o time de futebol Flamengo. Em fevereiro do ano passado, o rubro-negro fez o pagamento de R$ 1,89 milhão a um homônimo de um dos jogadores. Assim que o time percebeu o engano, acionou na Justiça Federal tanto o beneficiado pela quantia milionária quanto a Caixa Econômica Federal, por onde a transação foi realizada. As informações são do jornal O Globo.

E mesmo que você não tem tantos recursos disponíveis, como o Flamengo, ainda é possível recorrer à Justiça gratuita para processar quem recebeu o dinheiro e não quis devolver. A análise de quem está elegível à gratuidade acontece caso a caso, mas geralmente quem ganha até três salários mínimos consegue comprovar a necessidade desse direito. “A responsabilidade de corrigir um Pix equivocado recai sobre o consumidor, sendo importante agir com cuidado e atenção ao realizar transações”, diz Almeida.

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

Leia também

Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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