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Agronegócio

As estratégias de sobrevivência das assets em períodos voláteis e alta concorrência

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As incertezas macroeconômicas não impõem desafios apenas para os investidores que tentam encontrar boas oportunidades de mercado. As intempéries do mercado afetam também a sobrevivência das gestoras de investimentos que, além de buscar estratégias para superar o benchmark dos seus fundos, tentam equilibrar os custos e o retorno das suas atividades. A conta nem sempre fecha e o resultado dessa equação deixa as empresas no sufoco.

Uma análise da Tag Investimentos mostra bem essa realidade. O relatório, produzido por André Leite, CIO da TAG, estima que quase a metade das gestoras de investimentos no País opera no “modo de sobrevivência”. O estudo levou em consideração a realidade de uma gestora com uma estrutura de um escritório com 150 metros quadrados, localizado na região Berrini, ZonaOeste da capital paulista, e com a presença de 15 pessoas, sendo três funcionários com carteira assinada, três estagiários, três sócios seniores e seis sócios plenos ou juniores.

Leia mais: Luis Stuhlberger: “2024 é um ano extremamente frustrante e decepcionante”

O especialista assumiu ainda um ROA (return on assets – retorno sobre ativos, em tradução livre para o português) de 1%. O porcentual já inclui impostos e rebates. Com essa realidade, Leite projeta que a gestora precisa de pelo menos R$ 850 milhões sob gestão para que os sócios recebam remunerações compatíveis a suas funções. Para esta situação, apenas 38% do total de gestoras vivem nessas condições.

Já em um cenário em que os sócios seniores abrem mão de qualquer quantia para manter a remuneração de outros sócios e uma estrutura mínima, a gestora precisaria ter pelo menos R$ 400 milhões sob gestão. Com base nos cálculos da TAG Investimentos, 52% das assets vivem acima desse limite. Isso quer dizer que o restante – os 48% – opera abaixo das condições mínimas de funcionamento. Os esforços para atrair mais clientes para mudar essa cifra tornam-se ainda mais desafiadores em momentos de ciclo econômico ruim, como o atual.

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No acumulado de 2024, o Ibovespa apresenta uma desvalorização de 3,74%. O fraco desempenho do principal índice da B3 ao longo do primeiro semestre reflete o aumento da percepção de risco no campo fiscal no Brasil e as perspectivas de juros em patamares elevados por mais tempo nos Estados Unidos. A situação estimula a saída do capital gringo do mercado doméstico.

Até o fim de abril, a Bolsa de Valores brasileira havia perdido R$ 32,5 bilhões de investimento estrangeiro em 2024, segundo os dados da B3. “Em um cenário de taxas de juros mais altos, muitos segmentos tendem a se tornar menos atrativos, especialmente os fundos multimercados e os fundos de ações”, avalia Diego Kashiwakura, ratings manager da Moody’s Local, agência de classificação de risco.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), nos últimos 27 meses, de janeiro de 2022 a março de 2024, a indústria de multimercados sofreu R$ 291 bilhões em resgates, como mostramos nesta reportagem. Nestas situações, ter várias linhas de produtos se transforma em um mecanismo de sobrevivência para equilibrar os ciclos de mercado que cada segmento de fundo possui.

A fusão com outras gestoras pode ser um dos caminhos para garantir a sobrevivência do negócio nos períodos de baixa do mercado. A alternativa costuma ser interessante quando uma gestora se une a outra com um expertise diferente à sua. Mesmo assim, a possibilidade deve ser avaliada com cautela. “É um processo bastante difícil e pode até ser traumático porque há muitas redundâncias de funções. Então, em uma fusão, o quadro de funcionários tende cair e a organização dessa transação é bastante difícil”, Cassiano Leme, CEO da constância investimentos, gestora com mais de R$ 2,4 bilhões, segundo dados mais recentes da Anbima.

A outra saída, sugerida por Leme, seria os acionistas abdicarem de suas remunerações para manter o negócio ativo. No entanto, os ciclos de mercado não são os únicos fatores que impões desafios para o dia a dia das gestores. A expansão da oferta de produtos isentos de imposto de renda ajuda também a tornar o ambiente ainda mais competitivo. Leite explica que os ativos costumam ser algum tipo de produto bancário ou emissão de crédito, negociados em mercado secundário. Ou seja, não são produtos que os investidores precisam pagar taxas de administração.

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“Cada real que sai do ambiente de fundos costuma ir para os produtos isentos bancários ou crédito privado”, diz Leite. “Esse dinheiro que foi para essa classe de ativos isentos de IR, na nossa visão, não volta mais, independente de juros altos ou baixos”, complementa o CIO da Tag Investimentos.

As gestoras de recursos

Os desafios não impedem o crescimento do mercado das assets no Brasil. Segundo dados da Anbima, o número de gestoras com participação na indústria de fundos subiu de 710, em dezembro de 2020, para 1005 em março deste ano. A diferença representa um salto de 41,5% em quase quatro anos. A Coinext, corretora de criptoativos do Brasil, faz parte da lista de empresas que decidiu se aventurar nesse ambiente bastante competitivo ao lançar a sua própria Asset, após conseguir a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Anbima no fim do ano passado.

Veja o crescimento do mercado de Assets no Brasil

Período
Nº de gestoras

Dezembro de 2020
710

Dezembro de 2021
824

Dezembro de 2022
921

Dezembro de 2023
993

Março de 2024
1005

Fonte: Anbima

Nos primeiros meses de funcionamento, o foco da nova integrante do mercado de assets do Brasil está na oferta do seu fundo multimercado Coinext Crypto Strategy FIM IE que possui investimento 100% em cripto no exterior e faz uso de derivativos para realizar o hedge da sua carteira. O produto tem como benchmark o índice S&P Cryptocurrency Broad Digital Market (BDM) Index, focado em mercado de ativos digitais.

Ao olhar para toda a indústria, a Coinext Asset é a terceira gestora com o menor patrimônio líquido sob gestão com apenas R$ 890 mil, segundo os dados mais recentes da Anbima, referente a março.

Levando em consideração a métrica sugerida pela TAG Investimentos, a empresa está bem aquém do volume ideal para conseguir manter as suas atividades, mas vale ressaltar que o baixo capital é decorrente da sua estreia no segmento. “No nosso caso, há uma ressalva. Lançamos há pouco um fundo e uma gestora. O produto é absolutamente disruptivo e foi necessário todo um trabalho junto com o administrador para abertura de contas em corretoras fora do país. Isso leva tempo”, diz  José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, que mantém boas perspectivas para o novo negócio

Para maio, os esforços da Asset se voltam para a distribuição do fundo, destinado para investidores qualificados e profissionais, e captação de novos recursos. Ou seja, a expectativa é que o tamanho do patrimônio líquido sob gestão da Coinext mude consideravelmente nos próximos meses. Isso porque as projeções positivas para o negócio se ancoram, especialmente, na possibilidade de queda de juros dos Estados Unidos nos meses de setembro e outubro, como o mercado estima.

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Se esse movimento ocorrer, o apetite a risco aumenta entre os investidores e o capital volta a migrar para os ativos de risco, como as criptomoedas. “Deve haver uma migração bastante considerável de recursos para os fundos desse tipo (fundos de criptomoedas) porque qualquer gestor de family office e até os mais tradicionais vão destinar 1% a 5% do capital para os ativos de altíssimo risco”, frisa Ribeiro. É nesse momento que a gestora busca conquistar o seu espaço no mercado.

A Fundamenta Administração de Recursos também se encontra abaixo da linha dos R$ 400 milhões sob gestão necessários para garantir a sua sobrevivência. Segundo a Anbima, a gestora possui R$ 384,61 milhões de patrimônio líquido até março deste ano. No entanto, o volume capital não impediu nem dificultou a operacionalização dos negócios.  Para Valter Bianchi Filho, sócio da Fundamenta Investimentos, isso acontece porque o segredo para o sucesso de uma asset está no controle rígido dos custos das operações e boas estratégias de alocação de capital.

“Gestoras com custo fixo elevado tornam-se frágeis na ponta ruim do ciclo econômico. Então, é fundamental controlar isso. Outro aspecto importante é manter a visão da entrega dos resultados dentro do horizonte adequado”, afirma Bianchi Filho. O alinhamento entre esses dois pilares, segundo Biachi Filho, é o grande responsável pelo funcionamento do fundo de ações da Fundamenta desde julho de 2010 com uma rentabilidade de 286%, cerca de 100 pontos porcentuais em comparação ao Ibovespa durante o mesmo período.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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