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Agronegócio

Como a Petrobras (PETR3/PETR4) saiu de recorde de dividendos para mais uma crise política

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A saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras (PETR3/PETR4) reacende mais uma vez a crise de governança dentro da estatal. A demissão que ocorreu na noite desta terça-feira (14) já era especulada há meses pelo mercado em meio ao embate político do CEO com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Com a materialização da demissão de Prates, os riscos políticos envolvendo a companhia aumentaram e o receio do mercado é que tenha chegado ao fim a era da empresa como boa pagadora de dividendos.

Com a indicação de Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, para o comando da empresa, a expectativa do mercado é que a nova gestão atenda a pedidos do Planalto e acelere os planos de investimentos da estatal.

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Em novembro do ano passado, quando surgiram os primeiros boatos de uma possível queda de Prates, a Petrobras divulgou o seu Plano Estratégico de 2024-2028 que incluiu US$ 102 bilhões para investimentos. O volume representa um aumento de quase 30% em relação ao plano anterior no capex (recursos voltados para os investimentos).

Confira também: Efeito Petrobras (PETR4) derruba estatais e abre janela de compra. Vale o risco?

Na prática, essa expansão dos gastos com investimentos impacta na distribuição dos dividendos aos acionistas que tem sido o grande atrativo do papel na bolsa de valores. Segundo dados da Quantum Finance, os investidores com posição em ações ordinárias da Petrobras (PETR3) receberam cerca de R$ 33,47 por ação em proventos no acumulado de 2018 até agora. Já os papéis preferenciais (PETR4) distribuíram um total de R$ R$ 34,32 durante o mesmo intervalo de tempo.

Ao olhar para o volume pago em cada ano, os meses de 2022 podem até ser considerado como tempos de “ouro” para a história da Petrobras. Ainda segundo a Quantum, a estatal adicionou na conta dos seus acionistas mais de R$ 16 por ação em dividendos. A título de comparação, o valor do pagamento foi superior à soma dos dividendos de todas as ações listadas na B3 juntas, como mostramos nesta reportagem.

Em nível mundial, a Petrobras foi a segunda empresa que mais remunerou os seus acionistas no mundo em 2022. A estatal brasileira ficou atrás apenas da mineradora australiana BHP no índice Global de Dividendos, produzido pela gestora global Janus Henderson.

Veja a distribuição de dividendos da Petrobras desde 2018 

Ação
2018
2019
2020
2021
2022
2023
Parcial de 2024*

PETROBRAS ON  (PETR3)
R$ 0,25 por ação
R$ 0,50 por ação
R$ 0,23 por ação
R$ 5,65 por ação
R$ 16,74 por ação
R$ 7,25 por ação
R$ 2,90 por ação

PETROBRAS PN (PETR4)
R$ 0,90 por ação
R$ 0,94 por ação
R$ 0,00 por ação
R$ 5,65 por ação
R$ 16,74 por ação
R$ 7,25 por ação
R$ 2,90 por ação

Fonte: Quantum Finance/*Dados até o segundo trimestre de 2023

Será o fim de uma era?

A demissão de Prates nesta terça-feira (14) consolida um temor que havia no mercado desde o fim de 2022 com o retorno de Lula (PT) ao Executivo. O sentimento era baseado na narrativa do petista durante a campanha eleitoral.

Crítico à antiga política de preços da Petrobras, que era estabelecida com base na cotação do petróleo no mercado internacional, e a favor da retomada dos investimentos, o governo de Lula poderia reduzir substancialmente o volume de dividendos distribuídos aos acionistas.

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A ameaça ficou ainda mais evidente com as críticas de aliados do governo Lula à forma como a companhia remunerava os acionistas. A presidente do PT, Gleisi Hofmann, por exemplo, defendeu mudanças na distribuição de proventos em fevereiro do ano. Na época, as declarações fizeram o mercado até acreditar na possibilidade da empresa não anunciar nenhuma distribuição de proventos durante a divulgação dos resultados operacionais do primeiro trimestre de 2023 diante posição do novo governo.

O medo não se concretizou. Pelo contrário, a companhia anunciou um pagamento de “superdividendos” de R$ 35,7 bilhões durante a apresentação do seu balanço corporativo.

Leia também: Trocas confusas de CEOs penalizam ações e investidor exige nova postura

Outros episódios envolvendo a Petrobras ao longo da gestão de Prates também exigiram atenção dos investidores para o papel. Em 2023, a companhia pôs fim à política de preço de paridade de importação (PPI) e realizou mudanças em sua política de dividendos. Quando as mudanças foram anunciadas,  boa parte das corretoras tinham recomendação de venda ou, ao menos, neutra para os papéis da estatal. Mas, à medida que começaram a sair novas informações, houve uma leitura de razoabilidade para com a nova gestão.

“Apesar de todas as desconfianças iniciais, sua gestão à frente da empresa pode ser considerada muito razoável”, destaca a Genial Investimentos em comentário. Desde então, os papéis da Petrobras subiram muito ao longo de 2023, ajudando inclusive a impulsionar o Ibovespa a um novo recorde histórico. Mas os primeiros meses de 2024 inauguraram uma nova crise na companhia: em 7 de março, ao divulgar o resultado referente ao quarto trimestre de 2023, a petroleira decidiu fixar a distribuição de proventos ao mínimo de 45% do fluxo de caixa livre determinados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, retia R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários.

Começava ali uma nova crise e Prates, que teve a saída especulada já em novembro do ano passado, passou por uma nova fritura em meio a embates com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nos bastidores. Como mostrou o Estadão, houve “revolta” no Palácio do Planalto depois que o CEO participou de uma reunião que decidiu pela retenção dos dividendos extraordinários da estatal, mas depois se absteve na deliberação do Conselho da empresa sobre o assunto.

No dia 25 de abril, a Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras aprovou a proposta para o pagamento de 50% dos R$ 43,9 bilhões em dividendos retidos pela estatal em março. Prates deixa o cargo 19 dias depois. Agora, com a indicação de  Magda Chambriard, as incertezas são as mesmas que permearam o mandato de Prates: aumento da interferência política, a possibilidade de expansão de investimentos em projetos considerados pouco interessantes por analistas e suspensão do pagamento de dividendos.

Economista Sincero: “Já perdi muito dinheiro com Vale e Petrobras”

“A substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard, apesar de pacífica, aumenta a incerteza sobre o futuro da empresa. As políticas de Chambriard, sobretudo a de preços, são cruciais para a percepção de risco dos investidores e a mudança abrupta e motivada por pressões políticas pode impactar a confiança na governança”, diz Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos. Por enquanto, a troca de comando da estatal é vista com pessimismo pelos investidores.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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