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Recessão nos EUA: últimas crises americanas mexeram com bolso dos brasileiros; entenda riscos

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A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos gerou um pânico generalizado nos mercados globais na última semana. Não é à toa: quando a maior economia do mundo desacelera, os demais países também sentem os efeitos negativos — em maior ou menor medida, e dificilmente ficam ilesos. Mesmo que não haja consenso entre especialistas se de fato estamos diante de uma nova crise econômica americana, o que a história deixa de legado é que os impactos de momentos como esse são sentidos na vida (e bolso) até dos brasileiros.

O recente temor de que os EUA estariam entrando em recessão aconteceu por causa do relatório de empregos (payroll), divulgado pelo Departamento do Trabalho. Na sexta-feira (2), foi reportado que em julho a criação de vagas ficou em 114 mil, abaixo das expectativas de analistas, cuja mediana era de 180 mil. Além disso, a taxa de desemprego aumentou para 4,3% em julho, ante previsão de 4,1%.

Rapidamente a regra de Sahm passou a embasar teorias sobre o início de uma crise econômica. O indicador desenvolvido por Claudia Sahm, ex-economista do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), funciona como um modelo preditivo de recessão baseado na média móvel de três meses da taxa de desemprego: se ela aumentou em 0,5 ponto percentual ou mais em relação ao seu valor mínimo nos últimos 12 meses, é sinal de desaceleração econômica. Em julho de 2023, a taxa de desemprego nos EUA estava em 3,8%.

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No entanto, a própria criadora do modelo vai contra a sua teoria e afirmou que os sinais de uma recessão dependem da retração de outros indicadores econômicos, para além da taxa de desemprego. A recessão técnica, por exemplo, caracteriza-se quando o crescimento econômico do país, acompanhado por seu Produto Interno Bruto (PIB), for negativo por dois trimestres consecutivos. No primeiro trimestre de 2024 e no último do ano passado, o indicador avançou 1,3% e 3,4%, respectivamente. Ainda assim, a regra de Sahm foi precisa quando aplicada em crises americanas mapeadas entre 1953 e 2020: o aumento de 0,5 p.p. da taxa de desemprego foi percebido entre um e oito meses antes das recessões.

Leia mais: EUA estão à beira de uma nova crise econômica? Veja como proteger seus investimentos

“Considerando tudo o que sabemos, ou que achamos que sabemos, os EUA não estão em uma recessão”, disse Claudia Sahm, como mostrou o Estadão. “Sobre os riscos de entrar em uma recessão nos próximos três a seis meses? Eles realmente aumentaram.”

Como uma crise nos EUA afeta outros países?

Quando o índice Dow Jones, de Nova York, caiu 22% em 19 de outubro de 1987, os seus reflexos também foram globais. O evento conhecido como “Black Monday” foi responsável por mudanças regulatórias nas operações de trading, o que inclui até mesmo a criação do circuit breaker (ferramenta que interrompe todas as negociações quando o mercado apresenta quedas atípicas e generalizadas).

Só que as Bolsas de Valores ao redor do mundo também tiveram perdas significativas, como a da Nova Zelândia, que caiu 60%. Naquele pregão, o índice Bovespa recuou 16%. A aversão a risco dos investidores foi global, porém a recessão americana viria apenas alguns anos depois.

No final dos anos 1990, os índices de Nova York já haviam se recuperado e eram impulsionados pelas empresas de tecnologia, especialmente aquelas relacionadas à computação, como a IBM e a Microsoft. Entre janeiro de 1998 e os três primeiros meses de 2000, o Nasdaq teve uma valorização de mais de 70%. O estouro da “bolha ponto com” (dot com bubble, em inglês) ocorreu pouco após o índice atingir 5.048,62 pontos, em 10 de março de 2000, então recorde nominal.

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Daquela data até dezembro de 2002 (veja gráfico acima), o Nasdaq devolveu praticamente todo esse ganho e sua pontuação nominal voltou para patamares de 1998. Vale lembrar que, em meio a esse período, os EUA foram abalados pelos ataques do 11 de setembro de 2001, que além da tragédia humana, alimentou a cautela dos investidores.

Mas o cenário de aversão a risco e de instabilidade econômica mundial não ficou restrito às fronteiras norte-americanas. O Ibovespa, a exemplo disso, embora tenha apresentado momentos de ganhos, fechou esse período de quatro anos com uma alta de apenas 15%. “Por aqui, houve também uma valorização do dólar, que subiu de R$ 1,8 no início do ano 2000 para cerca de R$ 2,4 no final de 2002”, aponta Rafael Haubrich, head de offshore da Manchester Investimentos.

Uma gradual recuperação da economia brasileira transcorreu até 2008, quando uma nova crise se originou no mercado imobiliário americano e rapidamente se espalhou para o mundo. A crise do Subprime, decorrente da concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, resultou na falência do Lehman Brothers e outras instituições, além de uma recessão: o PIB americano contraiu, a taxa de desemprego subiu para mais de 10%, e o Fed precisou injetar US$ 850 bilhões em bancos para evitar um colapso do sistema financeiro.

Haubrich explica que a economia brasileira foi impactada pela crise de 2008 com a fuga de capitais e a aversão ao risco. “Isso afetou o resultado das empresas e da nossa balança comercial”, diz. O head da Manchester Investimentos aponta que entre março e novembro de 2008 o Ibovespa teve uma queda de quase 50%, enquanto o dólar subiu mais de 40%.

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Os EUA caminham para uma nova recessão?

Matheus Spiess, estrategista da Empiricus, não acredita que os EUA estejam em recessão, mas em processo de normalização. “Lembrando que, para que haja uma recessão, precisamos de trimestres negativos de PIB e um erro de política monetária é difícil no contexto atual.”

Embora veja brecha para o início da flexibilização da política monetária americana, com cortes de juros graduais, para ele não há margem para uma desaceleração da economia americana no curto prazo. “A recessão pode eventualmente vir, mas não agora. Isso não impede que haja cortes de juros. Acredito em pelo menos dois cortes de 25 pontos-base este ano, em setembro e dezembro”, aponta.

Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos, também não acredita que a economia americana esteja em recessão, mas lembra que o mercado costuma antecipar esses cenários e pode estar incorporando essas expectativas nos preços das curvas de juros.

“Quando comparamos os juros das treasuries americanas de dois anos com os de dez anos há uma inversão, com os juros de curto prazo sendo mais baixos do que os de longo prazo, isso geralmente sinaliza que o mercado dos EUA está antecipando uma recessão”, afirma.

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Agronegócio

Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Agronegócio

Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Agronegócio

Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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