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Dentro da maior fábrica de fernet do mundo

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Fernet Branca é uma bebida centenária e com receita guardada a sete chaves

— “A receita é a mesma há 180 anos.”

— Nunca mudaram nada?

— “Não. Desde que Bernardino Branca a criou,  são utilizados os mesmos ingredientes.”

Martin Olivera, embaixador da marca Fernet-Branca, lidera o grupo que visita a fábrica localizada em Tortuguitas, na rovíncia de Buenos Aires. Até pouco tempo atrás, a empresa não fazia esse tipo de visita. No entanto, recentemente decidiu realizar algumas por ano e até organizar sorteios em datas especiais para que os vencedores possam conhecê-la junto com amigos ou familiares.

“No primeiro sorteio, inscreveram-se algumas centenas de apreciadores da bebida. No segundo já foram milhares, e na última vez, várias dezenas de milhares. Isso demonstra o quanto a marca é popular e o interesse que desperta”, diz Olivera.

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A visita é interessante por várias razões. Por um lado, permite conhecer como é feito o fernet, a terceira bebida alcoólica mais consumida na Argentina, depois da cerveja e do vinho. Por outro lado, revela como a Branca, que domina 95% do mercado de fernet, trabalha para continuar encantando seus clientes com o mesmo produto ano após ano. (O fernet é um aperitivo amargo, um tipo de Bitter que vagamente se assemelha ao Campari, Aperol, Cynar ou Mezzamaro.)

“O que torna a Branca única não é apenas o fato de produzir fernet, mas sim o de ter criado o fernet. Bernardino Branca era um botânico italiano, um especialista em sua época. Estamos falando de 1845, e já naquele tempo ele conseguiu reunir dezenas de ingredientes botânicos de todo o mundo que, ao serem combinados da maneira correta, resultaram nesta bebida. Desde então, a receita não mudou e é mantida em segredo”, explica o Oliveira.

Atualmente, quem guarda essa informação é o Conde Niccolò Branca, tataraneto de Bernardino e que já foi capa da revista Forbes. Embora resida na Itália, onde está a destilaria original, localizada em Milão, ele viaja frequentemente à Argentina. E não é para menos, já que a fábrica em Tortuguitas não é apenas a segunda e única fora da sede, mas também a maior do mundo, responsável pela maior parte da produção global de fernet.

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Conde Niccolò Branca, tataraneto de Bernardino e que já foi capa da revista Forbes

A Branca não divulga números exatos de produção, mas dá dicas. “Nos últimos três anos, quebramos recordes de produção e vendas. Vimos níveis de consumo que até agora não havíamos presenciado. A Argentina lidera nesse sentido, pois é o país onde mais se consome fernet no mundo, mas estamos crescendo muito em países como Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e até mesmo no Brasil. E tudo começa aqui”, conta Carolina Eugenia del Hoyo, diretora de marketing regional da Fratelli Branca.

O processo de produção do Fernet-Branca

Como a receita da Branca é mantida em sigilo, é impossível saber exatamente como a bebida é feita. No entanto, há algumas informações que ajudam a entender a complexidade por trás de uma garrafa de fernet.

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Martin Olivera, embaixador da marca Fernet-Branca

Para a receita, são necessários dezenas de produtos botânicos de diferentes partes do mundo. Fungos da Rússia, raízes do Sudão e açafrão, uma das especiarias mais valiosas do mundo, são apenas alguns deles. “Pensem que Bernardino os reunia no final do século 19. Não apenas é único por conseguir isso, mas também pela visão de entender que, misturando tudo nas quantidades corretas, poderia alcançar este resultado”, afirma Olivera.

Hoje, a empresa enfrenta um desafio que seu fundador não tinha: a produção em larga escala. “O destaque desta empresa é que ela processa milhões de litros, mas o processo para obter as matérias-primas ainda é muito artesanal. Não há nada igual no mundo”, diz Olivera.

Outro fator importante é o tempo. Se um leitor desta reportagem abrir um Branca até o final do dia, deve saber que chegar a essa garrafa demorou aproximadamente 18 meses. Macerações, extrações e repouso em tonéis especiais por vários meses são os principais processos pelos quais o fernet passa, antes de chegar à linha de engarrafamento e, posteriormente, ser distribuído pelo país e região. Além disso, entre as equipes de operações e administração, são mais de 200 pessoas.

“Fazemos muito, e o segredo é que temos talento jovem e fresco, além de pessoas com muita experiência, algumas com até 25 anos na empresa. Isso gera uma eficiência e agilidade enormes que nos permitem alcançar nossos objetivos. As pessoas com mais tempo de casa conhecem a marca e o contexto perfeitamente e, somando isso a novas ideias, nos fortalecemos ainda mais”, afirma Carolina. Ela acrescenta: “Gostamos muito de receber pessoas com espírito empreendedor, pois esta é uma empresa que permite trazer ideias e oferece muita autonomia para inovar.”

Curiosidades dentro da Branca

Ao longo do passeio pela fábrica da Branca, diversos detalhes chamam a atenção. Como os cartazes publicitários originais da marca que adornam a recepção, e a torre no meio da fábrica que foi personalizada por um artista renomado para exibir o logo da Branca e a essência dos ingredientes que compõem o fernet.

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Bebida centenária é vendida em vários países, inclusive o Brasil

No entanto, uma das características mais fascinantes não está visível para quem passa por lá. Todo o setor destinado ao repouso da bebida é subterrâneo, em centenas de tonéis criados especialmente para a empresa. “Inclusive, temos aqui o primeiro tonel construído na Argentina. Se o avô de alguém que está lendo esta reportagem tomava Branca, é bem provável que tenha saído daqui”, conta Olivera.

Vale lembrar que o fernet Branca chegou à Argentina muito antes da fábrica. Inicialmente, vários comerciantes transportavam o produto concentrado para vendê-lo no país. Foi somente em 1941 que a primeira fábrica foi construída para iniciar a produção no país. A fábrica ficava em Parque Patricios, na capital federal, e funcionou lá por seis décadas. Em 2000, ela foi transferida para Tortuguitas por causa do aumento da demanda, que exigia mais espaço para ser atendida.

Todos os tonéis da fábrica original foram transferidos para a nova unidade. Outro detalhe interessante é que a Branca guarda o maior tonel de fernet do mundo, com capacidade para mais de 100 mil litros. Não há outro de tamanho semelhante em todo o mundo, segundo a empresa.

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Como se tudo isso não fosse suficiente, há outro elemento que se soma à história dos tonéis. Desde o primeiro até o último, todos foram construídos pela mesma família de eslovenos. Radicada em Mendoza e especializada em construir essas estruturas para vinícolas, foi o avô quem iniciou os trabalhos para a Branca, e atualmente, seus netos continuam essa tradição. “Quando dizemos que tudo é artesanal, não estamos exagerando”, afirma Olivera.

O futuro da Branca

A Branca é uma empresa diferente das demais porque pode inovar em seus processos, mas não em seu produto. Como enfatizam repetidamente seus diretores, a receita não muda. Surge então uma pergunta: como crescer em um contexto no qual os consumidores demandam novas experiências o tempo todo?

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Tonéis onde a Fernet-Branca fica por 18 meses

“O conceito de inovação na Branca é bastante peculiar, pois inovamos no ‘como’, mas nunca no ‘quê’”, explica Carolina. “Somos muito cuidadosos em não alterar o que torna o fernet único, não apenas a receita, mas também a garrafa e a estética da marca. Não cedemos à tentação de fazer mudanças, algo comum no consumo de massa.”

Nesse sentido, ela esclarece que a inovação está em adicionar tecnologia, experiências de marca e comunicação. “Temos um público muito amplo, com segmentos que estão em diferentes espaços. Então, estamos sempre buscando em quais festivais participar, com quais gêneros musicais podemos nos associar e quais são os espaços onde o consumidor da Branca pode estar. Somos muito curiosos na conexão com eles”, afirma ela.

Portanto, os amantes de fernet não devem esperar novas versões ou linhas da bebida, mas sim experiências que os aproximem ainda mais da marca. “É o que buscamos e continuaremos buscando. Queremos que aqueles que escolhem a marca permaneçam com ela e que os novos consumidores, que trazem seus próprios interesses, façam o mesmo, criando assim uma pluralidade”, diz Carolina. E conclui: “É uma marca de culto, aspiracional e também popular. Isso, junto ao fato de que não muda, a torna tão emblemática.”

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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