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Por que indicação de Galípolo no lugar de Campos Neto no BC já está na mesa do investidor

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Ainda faltam cerca de quatro meses para o fim do mandato de seis anos de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central (BC), mas as especulações sobre o possível sucessor já movimentam o mercado. Todas as apostas estão em Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do BC; um nome que enfrenta desconfiança de investidores e, se for mesmo o indicado, terá uma batalha pela frente para reforçar a credibilidade da instituição e reancorar as expectativas de inflação do País.

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No final do primeiro trimestre, os agentes financeiros faziam uma leitura mais benigna do cenário e da economia brasileira. O Boletim Focus de 28 de março, por exemplo, traçava uma projeção de 3,75% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ao final de 2024, de 3,51% em 2025 e de 3,50% para 2026. Na edição de 9 de agosto, é possível ver como isso mudou: agora, espera-se que o IPCA termine o ano a 4,20%, enquanto a projeção para 2025 e 2026 subiu para 3,97% e 3,60%, respectivamente.

Até a trajetória da taxa de juros brasileira, em queda desde 2023, piorou. Em março, o mercado via a Selic em 9% em 2024 e 8,50% em 2025. Agora, a taxa não só está estacionada em 10,50%, como já está em discussão uma eventual alta de juros no País.

Quem assumir a cadeira principal do Banco Central em 2025 – seja Galípolo ou outro indicado – terá essa missão principal: reforçar a credibilidade da instituição com o combate à inflação, de forma a reaconrar as expectativas do mercado. Tudo isso enquanto concilia a pressão política feita pelo governo, que há tempos dá declarações pressionando pela redução da Selic.

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“A grande questão não é qual o nome, mas a postura que o futuro presidente do Banco Central terá frente às pressões que vão vir do Palácio Planalto”, diz Erich Decat, chefe de análise política da Warren Renascença e colunista do E-Investidor. “Se confirmado, Galípolo vai ter esse constante desafio de caminhar entre a independência da instituição, que vai estar olhando para a atual realidade do País e do mundo versus a pressão política pela queda da taxa de juros. Se houver lá na frente uma redução artificial da Selic, vamos ver uma reação muito forte do mercado financeiro.”

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Em função dos temores, a discussão sobre a troca do comando parece já estar de vez na pauta de investidores. E assim deve permanecer até que o mercado tenha maiores sinalizações sobre o que esperar do futuro da política monetária brasileira.

A boa surpresa nas falas de Galípolo

Gabriel Galípolo é um dos homens de confiança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi indicado por ele, ainda em dezembro de 2022, para assumir a secretaria-executiva da pasta – o cargo “número 2” do Ministério da Fazenda. CEO do Banco Fator até 2021, o economista tem passagens pela Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, no governo de José Serra (PSDB), mas já era próximo ao PT havia mais de 10 anos, quando colaborou, em 2010, na construção do plano de governo do ex-ministro Aloizio Mercadante.

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Quando indicado para assumir a diretoria de Política Monetária do BC, em maio de 2023, Galípolo era visto com ceticismo entre investidores por ser considerado um “heterodoxo”, ala econômica cuja postura é mais favorável ao aumento de gastos. “O mercado tem visto o GG com ressalvas e destinado a atender a retórica permanente do atual governo contra a independência do Banco Central“, destaca Valter Bianchi Filho, sócio fundador da Fundamenta Investimentos.

Essa percepção atingiu o seu pico em maio deste ano. No encontro dos dias 7 e 8 daquele mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por reduzir o ritmo de cortes na Selic, que vinha sendo adotado desde o início do ciclo de afrouxamento monetário, para 0,25 ponto porcentual. Mas as atenções se voltaram mesmo para uma grande divisão entre os nove diretores do grupo. Galípolo, assim como Ailton de Aquino, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira – todos indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva – votaram a favor de uma redução de 0,5 p.p na taxa de juros.

A falta de consenso agravou o sentimento de risco de interferência política nas decisões do BC, em um cenário em que a situação fiscal do Brasil também tem enfrentado dificuldades. O entendimento era de que, com a troca na presidência do BC na virada do ano, o viés da política monetária poderia ser alterado, passando a aceitar juros mais baixos como uma forma de estimular a economia sem que necessariamente a inflação esteja sob controle. Essa combinação negativa foi um dos principais motivos por trás do movimento de deterioração das expectativas de inflação, que se agravou nos últimos meses e penalizou os investimentos.

Para Tony Volpon, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, a possibilidade de que GG seja o presidente do BC a partir de 2025 trouxe a memória do início da gestão de Alexandre Tombini, que comandou a instituição de 2011 a 2016. À época, a política monetária perseguia o topo do intervalo de tolerância estabelecido pela meta de inflação e não o centro da meta – se fosse hoje, por exemplo, o BC buscaria convergir o IPCA de 12 meses para 4,5% e não 3,0%, o que permitiria que o País operasse a uma Selic mais baixa.

“Como Galípolo vem da esquerda e tem um background heterodoxo, a dúvida é se ele teria esse compromisso com a meta. Por isso, o mercado tem consistentemente colocado um prêmio nas expectativas de inflação, que hoje não estão ancoradas em nenhum prazo”, destaca Volpon. Com a expectativa de uma inflação mais alta nos próximos anos, os investidores passaram a exigir mais prêmio de risco nos investimentos. A curva de juros brasileira abriu de tal forma que títulos soberanos foram negociados a “taxas insanas”, perto de 6,5% de juro real.

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Mas as últimas duas semanas trouxeram novas sinalizações sobre o tema. No último dia 9, em um congresso em Belo Horizonte (MG), Galípolo disse que não faz sentido que o diretor do Banco Central não tenha a possibilidade de subir os juros quando julgar necessário. “Para mim, [essa ideia] se assemelha a um sujeito que foi estudar medicina, foi trabalhar no pronto-socorro, mas infelizmente não pode ver sangue, senão desmaia”, afirmou. Logo depois, no dia 12, em um evento promovido pela Warren Investimentos em São Paulo, disse que uma nova alta da taxa básica de juros é uma possibilidade que já está na mesa do Copom, reafirmando o compromisso do BC em trazer a inflação para a meta, “com custo maior ou custo menor”.

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As declarações repercutiram bem no mercado e deram um alívio nas expectativas negativas que pairavam desde então. “Essas são falas de alguém preocupado com tudo que está acontecendo com a dinâmica da inflação”, diz Volpon. “Para quem chega com esse déficit de credibilidade no mercado, é importante comprovar que há esse compromisso incondicional com a meta de inflação e que se está disposto a enfrentar a sempre árdua e impopular decisão de subir juros no momento adequado.”

Com a melhora nos ruídos domésticos, o Ibovespa conseguiu surfar o otimismo no exterior com dados melhores em relação à economia dos Estados Unidos. Assim, a Bolsa fechou a semana de volta aos 133 mil pontos, um dos maiores patamares de fechamento da história.

O primeiro desafio do novo presidente do BC: subir ou não a Selic

A declaração de Galípolo na última semana sobre a possibilidade de uma nova alta da Selic mostra que o BC está atento a uma discussão que tem ganhado força entre os agentes do mercado. Três grandes gestores, Luiz Parreiras, da Verde Asset; Bruno Serra, da Itaú Asset; e André Raduan, da Genoa Capital, defenderam publicamente uma alta na Selic já para setembro. O entendimento é de que o cenário de expectativas de inflação subindo, desemprego baixo e atividade econômica mais forte criam um ambiente que exige juros maiores.

Mas essa também seria uma forma de passar um recado, demonstrar que a instituição está realmente disposta a levar a inflação para a meta de 3%. Na avaliação de Tony Volpon, ex-BC, não há hoje um argumento que indique que a Selic no atual patamar de 10,5% será suficiente para tal missão. Nesse caso, a elevação da taxa ainda nos próximos meses ajudaria a reforçar a credibilidade. “É melhor para o Galípolo, porque atua na má impressão que as pessoas têm. Melhor para o BC e para a dinâmica de inflação. E, sendo sincero, melhor para o governo, porque aumenta a probabilidade de poderem retomar o ciclo de queda em 2025”, diz.

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A necessidade de um ajuste já em setembro ainda não é unanimidade. Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, explica que o atual patamar de juros pode sim ser suficiente para levar a inflação à meta em 2026; o problema é o tempo que falta até lá. “Acredito que parte dos economistas acreditam que precisa subir juros justamente para prevenir que as expectativas cresçam ainda mais. Mas caso não tenha outra bagunça, ruído fiscal, que o governo consiga cumprir parte do que prometeu, essa Selic é suficiente”, diz.

E ainda depende dos Estados Unidos. Tudo indica que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), começará a cortar os juros por lá em setembro. Em tese, isso dá espaço para que o Banco Central brasileiro avalie as condições macroeconômicas antes de tomar uma decisão.

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Anec reduz estimativas de exportação de soja, milho e farelo em agosto

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reduziu nesta terça-feira (27) suas previsões para as exportações de soja, farelo de soja e milho do Brasil em agosto.

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Segundo relatório baseado nos embarques e na programação de navios, a exportação de soja brasileira deve alcançar 7,74 milhões de toneladas em agosto, ante 8,16 milhões na previsão da semana anterior.

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Se confirmado, o embarque representará um aumento de cerca de 172 mil toneladas na comparação com os volumes embarcados no mesmo mês do ano passado.

A exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, contra 2,39 milhões na estimativa da semana anterior e 1,97 milhão em agosto de 2023, segundo dados da Anec.

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Já a exportação de milho foi prevista em 6,61 milhões de toneladas, versus 7 milhões de toneladas previstas na semana anterior.

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O embarque de milho do Brasil em agosto ainda cairia na comparação com igual mês de 2023, quando o país exportou 9,25 milhões de toneladas.

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Dólar hoje vai a R$ 5,53 com mercado ainda reagindo ao exterior e IPCA-15

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O dólar hoje abriu em alta de 0,49%, cotado a R$ 5,5365. Ontem, no fechamento, a moeda americana foi comercializada a R$ 5,5021, uma alta de 0,08%.

Hoje, o mercado continua reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (27).

Os dados apontam que o indicador desacelerou para 0,19% em agosto, alinhando-se com as projeções dos economistas. Em um período de 12 meses, a inflação atingiu 4,35%, levemente abaixo do limite superior da meta do Banco Central, que é de 4,5%. O IPCA-15 serve como uma “prévia” da inflação oficial medida pelo IPCA, devido a um período de coleta diferente: em vez de calcular a variação dos preços do primeiro ao último dia do mês, considera o intervalo entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual.

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Nesse caso, o período foi de 16 de julho a 14 de agosto. A desaceleração ocorre em um momento de crescente expectativa sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central (BC). Membros do BC têm discutido a possibilidade de aumentar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal mecanismo do BC para controlar a inflação. O objetivo de inflação da instituição é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reiterou em um evento na segunda-feira que o BC está adotando uma postura cautelosa e “dependente de dados” para futuras decisões de política monetária, considerando “todas as opções em aberto” para a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nas últimas semanas, o mercado tem acompanhado de perto as declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, buscando pistas sobre o rumo da política de juros. Na última terça-feira, um aparente desencontro entre os dois resultou em uma valorização do dólar.

Cenário externo

Externamente, o dólar ainda reflete uma maior cautela por parte dos investidores diante da intensificação das tensões no Oriente Médio e das expectativas em torno da magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.

Durante o simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), declarou que “é o momento” de reduzir os juros, confirmando a expectativa de que o ciclo de flexibilização monetária deve começar na próxima reunião do Fed, em setembro.

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Agora, os investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos para ajustar suas expectativas sobre o tamanho da redução. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos participantes do mercado veem uma probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual, enquanto 28,5% apostam em um corte maior, de 0,50 ponto.

A principal divulgação da semana ocorrerá na sexta-feira com o relatório do índice de preços PCE de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Na quinta-feira, dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) podem fornecer mais informações sobre o estado da economia americana.

Até agora, o dólar subiu 0,41% na semana, teve recuo de 2,69% no mês e alta de 13,39% no ano.

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Pré-mercado: à espera dos resultados da NVidia

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Bom dia! Estamos na quarta-feira, 28 de agosto.

Cenários

A notícia mais importante desta quarta-feira (28) vai demorar para acontecer. Apenas à noite, após o fechamento do mercado, será divulgado o resultado da empresa americana NVidia referente ao segundo trimestre de 2024.

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Vista como um barômetro para investimentos das empresas de tecnologia em Inteligência Artificial (IA), a Nvidia deve projetar um crescimento de receita de cerca de 10% no segundo trimestre para US$ 28,6 bilhões, ante os US$ 26,0 bilhões do primeiro trimestre. Qualquer decepção certamente agitará os mercados, dado o peso da empresa nos índices dos EUA.

No primeiro trimestre, para a empresa encerrado em 28 de abril, a NVidia anunciou um lucro por ação de US$ 5,98, alta de 18% ante o trimestre anterior e de 262% ante o mesmo período do ano passado.

Como principal beneficiária do boom da inteligência artificial, a Nvidia viu seu valor de mercado aumentar nove vezes desde o final de 2022. No entanto, após atingir um recorde em junho e brevemente se tornar a empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia perdeu quase 30% do seu valor nas sete semanas seguintes, o que resultou em uma queda de aproximadamente US$ 800 bilhões em valor de mercado.

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Perspectivas

Os resultados da Nvidia serão divulgados semanas após seus gigantes da tecnologia terem divulgado os resultados. O nome da empresa foi citado durante essas chamadas com analistas, à medida que Microsoft, Alphabet, Meta, Amazon e Tesla gastam pesadamente em unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia para treinar modelos de IA e executar pesadas cargas de trabalho.

Nos últimos três trimestres, a receita da Nvidia mais que triplicou em termos anuais, com a grande maioria do crescimento vindo do negócio de data centers. Os analistas esperam um quarto trimestre consecutivo de crescimento de três dígitos. A partir daqui, as comparações ano a ano se tornam muito mais difíceis, e o crescimento deve desacelerar em cada um dos próximos seis trimestres.

Indicadores

Brasil

Caged (Jul)

Esperado: ND
Anterio: 201,71 mil vagas

Estados Unidos

Estoques de petróleo bruto

Esperado: ND
Anterior: 2,7 milhões de barris

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